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A Comissão de Trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) acusou o banco de “esquecer a sua missão” com o encerramento de 23 agências, com a instituição a recusar comentar “formas ilegítimas de pressão”.
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Num comunicado divulgado esta sexta-feira, a Comissão de Trabalhadores (CT) recordou que no dia 10 de janeiro, a Comissão Executiva (CE) da CGD foi chamada a prestar declarações e responder a perguntas dos deputados, na Comissão de Orçamento e Finanças, no parlamento.
“O encerramento de 23 agências, que deixaram milhares de portugueses privados do acesso presencial aos serviços bancários, foi justificado com uma poupança de 10 milhões de euros”, lembrou, acrescentando que o banco público “esqueceu a sua missão, encerrando 23 agências, as quais apresentavam rentabilidade positiva, geravam lucro e serviam devidamente as populações, para, no fim, poupar 10 milhões de euros, quando o lucro anual expectável para o ano 2022 é de 1.000 milhões de euros”.
A CT alertou que a “justificação destes encerramentos” teve apenas um “impacto de 1% nos resultados” e classificou a decisão de “claramente errada e injustificável”.
Paralelamente, disse a CT, “a redução do número de trabalhadores não foi obtida de forma ‘natural'”, destacando que estes “continuam a ser ‘empurrados’ para sair, pressionados e assediados constantemente para abandonar a empresa”.
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“Ao longo de 2022, período em que permanecem em vigor, por decisão de gestão, programas como o de Rescisões por Mútuo Acordo (R.M.A.) a CGD perdeu 438 trabalhadores, dos quais 42 através do referido programa R.M.A. e 117 classificados de rescisão por ‘iniciativa do trabalhador'”, disse a CT, considerando que é “no mínimo estranho que, apesar de existir um incentivo financeiro à saída, 117 trabalhadores optaram por sair por iniciativa própria sem qualquer indemnização”.
Contactada pela Lusa, a fonte oficial da CGD disse que o banco “está num período negocial da revisão das suas tabelas salariais com os seus parceiros pelo que não vai comentar nem aceitar formas ilegítimas de pressão”.
O banco “reafirma contudo que a saída de trabalhadores acontece, na generalidade dos casos, por iniciativa dos próprios, sendo que a possibilidade de pré-reformas aos 55 anos [é] um dos principais fatores para essas saídas”.
A CT criticou ainda a explicação da gestão para o aumento dos tempos de espera nas agências do banco público, que o justifica com o “sistema de gestão de senhas de atendimento (Inline) o qual está a ser retirado com a implementação de novos modelos de atendimento e ‘layout’ das agências”.
“A ‘desculpa’ apresentada é que o sistema permite que os trabalhadores decidam o seu ritmo de trabalho e possam inclusive parar para beber 1, 2 e 3 cafés”, uma acusação que a CT considera “abusiva” e se reveste “dum inadmissível ataque ao brio profissional de todos os trabalhadores da CGD por parte da Comissão Executiva”.
“É bom lembrar que o número de trabalhadores por agência na CGD, muitas delas com menos de quatro trabalhadores, é claramente insuficiente para um atendimento eficaz requerido pelos clientes”, salientou.
A CT criticou ainda as medidas de combate à inflação aplicadas pelo banco, um “apoio extraordinário aos seus trabalhadores no valor de 600,00 euros e 900,00 euros, o que de facto não é inteiramente verdade”, garantiu.
“Esta medida foi dividida em três escalões: no primeiro escalão (que abrange um universo muito pequeno de trabalhadores) receberam 900,00Euro; no segundo escalão foram pagos 600,00Euro; no terceiro escalão, que representa um universo com mais de 2.000 trabalhadores ‘receberam’ zero euros”, lamentou a CT, garantindo que “1/3 dos trabalhadores não receberam qualquer apoio”.
“A CT fez uma proposta à CE neste contexto”, destacou, referindo que a gestão da CGD “se recusou a debater” esta proposta, “que sendo mais favorável incluía todos os trabalhadores” da instituição.
Em novembro do ano passado, a CGD anunciou um pagamento extraordinário, no mês seguinte, de 900 euros aos trabalhadores com rendimento mensal até 1.500 euros e de 600 euros para os que auferem entre 1.500 e 2.700 euros, para mitigar os efeitos da inflação.
Por fim, a CT disse que a CE da Caixa tem “tomado decisões inqualificáveis” em relação aos incentivos de desempenho comercial.
“Desde o 4.º trimestre de 2021 que os referidos incentivos nunca foram pagos na totalidade, com cortes até aos 70% do valor atribuído e previamente definido”, garantiu, considerando que é “mais uma manobra de ‘engenharia financeira’ da CE que apresenta como ‘fundamentação’ que os valores dos prémios excedem o valor orçamentado”.
Sobre esta questão, fonte oficial da CGD disse que “relativamente aos prémios e incentivos, a CGD vai em 2023 triplicar o valor atribuído aos seus trabalhadores”.
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