//CGD perdeu 580 milhões de euros com empréstimos sem garantias. Saiba quem são os devedores

CGD perdeu 580 milhões de euros com empréstimos sem garantias. Saiba quem são os devedores

Durante os anos de crise, a Caixa Geral de Depósitos fez empréstimos imprudentes em que não respeitou as boas práticas de concessão de crédito e no qual perdeu 580 milhões de euros. Os empresários Joe Berardo e Manuel Fino, o grupo Artland e o negócio de Vale do Lobo são os cabeças de cartaz do buraco financeiro no banco do Estado.

Estes dados constam do relatório da EY após a auditoria realizada a pedido do Ministério das Finanças. As informações foram reveladas por Joana Amaral Dias na CMTV e o semanário Expresso teve acesso ao documento.

A versão preliminar contabiliza que as sete operações beneficiaram de 1.092 milhões de créditos da CGD, no período entre 2000 e 2015.

O ranking

Artland– Obteve um empréstimo de 476,4 milhões de euros, do qual ficou por pagar quase metade (214,4 milhões de euros).

A decisão de a Caixa entrar no capital da La Seda, então uma empresa em forte expansão e que abriu falência em 2013, é de 2006, na gestão de Santos Ferreira. A Caixa acompanha o grupo português Imatosgil que também é acionista.

O projeto teve um empurrão político e um dos objetivos era garantir que a nova fábrica de PTA (um químico utilizado na produção de PET, que é usado na indústria de embalagens de plástico) fosse construída em Portugal.

O investimento de 400 milhões de euros em Sines, classificado como um Projeto de Interesse Nacional (PIN), foi uma das bandeiras do Governo de José Sócrates e do então ministro da Economia, Manuel Pinho.

Em causa estava a criação de 150 postos de trabalho e ao abrigo do qual foi atribuído um incentivo financeiro pelo Estado de 38,8 milhões de euros e benefícios fiscais.

Joe Berardo – É o segundo maior devedor, surgindo na lista através de operações da Fundação Berardo (267,6 milhões) e da sua holding Metalgest (52,5 milhões).

Em causa esteve a entrada na guerra de poder BCP entre Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto, em que a CGD quis interferir.

Para isso, financiou empresários com posições minoritárias no banco para reforçarem a sua posição. Berardo foi um deles. Manuel Fino outro.

As dívidas de Manuel Fino e Joe Berardo, dois grandes clientes da Caixa, foram renegociadas. A Fino, a Caixa ficou com 10% da Cimpor. O empresário madeirense entregou a coleção de arte moderna como garantia ao BES, Caixa e BCP.

Vale do Lobos- A Birchview e QDL são protagonistas do projeto de Vale de Lobo – as duas sociedades já declararam falência. A Caixa foi acionista e financiadora do processo.

Segundo a auditoria da EY, citada pelo Expresso, as duas repartiram 170 milhões. No fim de 2015, a CGD registara um imparidade de 30% do valor que concedera ás duas empresas. O banco público representa 93% dos créditos concedidos à promotora de Vale do Lobo.

O investimento total ascendeu a 222 milhões de euros, mas a parte do empréstimo terá beneficiado de uma descida do spread, segundo se noticiou à época, por intervenção de Armando Vara.

Este empreendimento foi alvo da Justiça no processo Marquês, que tem como principal figura o ex-primeiro-ministro, Armando Vara.

Manuel Fino – A Investfino e Finpro, sociedades do empresário, completam 138,3 milhões de euros de imparidades.

O dinheiro serviu duas finalidades, na luta acionista no BCP que veio reforçar a posição anti-Jardim Gonçalves. A luta foi perdida e o dinheiro também.

A outra finalidade era comprar e expandir a Soares da Costa, uma construtora que já não tem atividade em Portugal. Em 2015, a CGD reconheceu a totalidade do empréstimo como perdido.

O Expresso diz ainda que, de acordo com a análise da EY, as operações da Artlant, Birchview e QDL (Vale o Lobo) foram as mais graves do ponto de vista da concessão inicial do crédito e da avaliação do risco.

As restantes são consideradas de “risco elevado”.

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