//CGD: PS disponível para nova comissão de inquérito parlamentar

CGD: PS disponível para nova comissão de inquérito parlamentar

O PS está disponível para propor uma nova comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), desde que seja possível começar e acabar a averiguação nesta legislatura.

“O PS irá propor um novo inquérito parlamentar desde que estas duas condições sejam reunidas, porque senão temos um inquérito parlamentar inconclusivo, como aconteceu no passado”, disse à agência Lusa o deputado João Paulo Correia.

Essas “condições fundamentais”, apontou, prendem-se com a entrega aos deputados do “relatório da auditoria feita à gestão da Caixa entre 2000 e 2015” e com a promulgação, pelo Presidente da República, do “diploma que o parlamento aprovou há três semanas, a obrigar os bancos a fornecer toda a informação que é requerida pelas comissões de inquérito”.

“Estas duas condições são essenciais porque estas duas condições não existiram no último inquérito parlamentar à Caixa” e vão permitir “que a próxima comissão de inquérito funcione bem, produza resultados úteis ao país, que se apure as responsabilidades e os responsáveis”, referiu o também coordenador do PS na área das Finanças.

Outra das condições apontava pelos socialistas é a existência de “condições para começar e acabar o inquérito nesta legislatura”.

“Há eleições em outubro e tem que haver tempo útil para que o inquérito parlamentar comece e acabe nesta legislatura e que não haja também aquela pressão do tempo para se chegar a conclusões à pressa”, notou o parlamentar.

João Paulo Correia disse, contudo, acreditar que “até ao final de julho há tempo para o inquérito parlamentar”, embora dependa “muito, também, de quando é que estas condições se puderem reunir”.

Sobre as críticas do presidente do PSD, Rui Rio, que acusou PS, BE e PCP de terem encerrado a última comissão à CGD, o deputado João Paulo Correia considerou que “isso não é verdade, porque a última comissão de inquérito encerrou há dois anos, e esta auditoria foi feita desde essa altura até agora.

Além disso, acrescentou, só agora é que se está “a saber qual é o produto dessa auditoria”.

Apontando que a auditoria agora conhecida foi “determinada pelo atual Governo do Partido Socialista e só existe porque foi o Governo que a determinou”, o deputado sublinhou que “sempre foi vontade” dos socialistas “conhecer as responsabilidades e os responsáveis do crédito concedido que gerou imparidades, os 1.200 milhões de imparidades”.

“Sabe-se, pela comunicação social, que chegou a conclusões muito preocupantes, mas para que o inquérito parlamentar seja feito de forma eficaz, é fundamental que estas duas novas condições, que não existiram no último inquérito parlamentar, passem a existir”, rematou.

Uma versão da auditoria da EY à CGD relativa ao período 2000-2015, com data de dezembro de 2017, refere que os administradores do banco público receberam “remuneração variável” e “voto de confiança”, mesmo com resultados negativos.

A auditoria aponta “importantes insuficiências” organizacionais que poderão ter contribuído para decisões pouco fundamentadas na concessão de crédito e detetou sete operações de concessão de crédito com risco grave ou elevado e perdas, só nestas, de mais de 1.000 milhões de euros, entre as quais as operações de financiamento da fábrica da La Seda de Barcelona, em Sines.

O Ministério Público disse hoje “nada ter a opor” que a CGD disponibilize ao parlamento a auditoria feita pela EY à gestão do banco público.

“O Ministério Público concluiu nada ter a opor que a CGD, entidade que ordenou a elaboração da referida auditoria e que está em condições de a expurgar de eventual matéria que considere estar em segredo bancária, a disponibilize à AR [Assembleia da República]”, anunciou em comunicado a Procuradoria-Geral da República.

Entretanto, a CGD fez saber que vai enviar ao parlamento a auditoria feita pela EY, após a consultora “expurgar as questões de sigilo bancário.

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