A China desvalorizou hoje novamente a sua moeda, mostrando a potencial instrumentalização do yuan na guerra comercial que trava com os Estados Unidos, mas a taxa de câmbio estabilizou, após quedas que alarmaram os mercados financeiros.
O Banco do Povo Chinês (banco central) definiu hoje o valor de abertura do yuan em 7,0039 para o dólar norte-americano — a primeira vez, desde 2008, que o nível de abertura se fixou de sete yuan para um dólar.
Mas, a meio da tarde, o yuan estava a ser negociado a 7,0435, ligeiramente acima do valor de quarta-feira.
O yuan não é inteiramente convertível, sendo que o seu valor face a um pacote de moedas internacionais pode variar até 2% por dia.
No início da semana, as praças financeiras em todo o mundo registaram fortes perdas depois de Pequim permitir que o yuan caísse para o valor mais baixo em onze anos, em relação ao dólar.
O banco central garantiu às empresas, contudo, que não permitirá mais quedas acentuadas e que a taxa de câmbio se manterá estável.
O Banco Central da China justificou a depreciação do yuan, na segunda-feira, com “medidas unilaterais e protecionismo comercial”, bem como “a imposição de aumento de taxas alfandegárias contra a China”, numa clara referência ao último episódio da guerra comercial que espoletou entre Pequim e Washington, no verão passado.
Na semana passada, o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a imposição de novas taxas alfandegárias, de 10%, sobre um total de 300 mil milhões de dólares de bens importados da China, a partir de 01 de setembro.
Um yuan mais fraco significa que os produtos chineses são mais baratos, o que pode ajudar a conter o efeito negativo das novas taxas sobre a competitividade da economia chinesa.
Os governos dos dois países impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de bens importados um do outro.
No cerne das disputas está a política de Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.
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