Os angolanos mantém-se na liderança do ranking de turistas não-residentes na União Europeia (UE) que mais fazem compras tax free (reembolso de IVA a turistas) em Portugal, mas são dos mais cautelosos a abrir os cordões à bolsa. Segundo dados da Global Blue, a que o Dinheiro Vivo teve acesso, os chineses são os mais gastadores no país. Os números cobrem o período de janeiro de 2017 a setembro de 2018.
Angola representa 31% do total de compras em Portugal, com um valor médio de compra de 251 euros. Este valor representa um decréscimo ligeiro em comparação com os primeiros noves meses do ano passado, quando o gasto médio era de 254 euros.
A flutuação cambial em Angola teve “influência direta no comportamento de shopping em Portugal”, explica Renato Leite, diretor-geral da gestora de operações, que acrescenta: “A nossa expectativa é que o adiamento da introdução do IVA em Angola [para julho do próximo ano] possa ser uma oportunidade para o turismo de compras em Portugal”.
Na segunda posição, os turistas brasileiros (21%) aumentaram o valor médio de compras para 225 euros. Em 2017, era de 223 euros.
Dados da Global Blue mostram ainda que, em comparação com outras nacionalidades, os visitantes oriundos da China (16%) são quem mais gasta em compras no país. A média global de compra é de 665 euros, por turista, o que compara com os 642 euros em 2017.
Renato Leite é perentório ao afirmar que “os chineses têm um papel cada vez mais relevante em Portugal”, tendo o país recebido acima de 180 mil chineses em 2017, segundo dados do Turismo de Portugal. Por isso, lamenta a suspensão dos voos diretos da Beijing Capital Airlines para Lisboa e deixa um recado: “Teve impacto no negócio”, numa altura em que “a Ásia está a fazer uma concorrência muito feroz à Europa”.
O responsável da Global Blue dá ainda o exemplo de Espanha, que anunciou o fim do valor mínimo das compras de tax free. “Em Portugal, para um turista ser elegível para tax free tem de gastar, no mínimo, 50 euros. Em três meses, as vendas dispararam 46%, disse.
Norte-americanos (4%) e moçambicanos (3%) surgem em quarto e quinto lugar, respetivamente, com valores médios de compras efetuadas substancialmente diferentes. No caso dos turistas provenientes dos Estados Unidos da América, o valor médio por compra situa-se nos 541 euros.
Recorde-se que, os Estados Unidos da América é um dos países que mais tem enviado turistas para Portugal. Segundo dados da TAP, o número de norte-americanos transportados em 2017 chegou aos 729 mil, mais 257 mil do que no ano anterior, quando a empresa arrancou com o programa Stopover, que permite aos passageiros fazer uma escala de um a dois dias em Portugal.
Renato Leite vai ainda mais além e recorda que, “se as negociações sobre o brexit correrem como se espera, os residentes do Reino Unido passam a ser elegíveis para tax free“. Sendo este “o primeiro mercado turístico para Portugal, o potencial é enorme”, realça.
eTax Free
De acordo com um levantamento da Global Blue, 76% de um total de 1100 comerciantes dão uma avaliação positiva ao sistema eTax Free, em vigor desde dia 1 de julho, um processo inteiramente digital em que os dados das transações de cada compra são comunicados online e em tempo real à Autoridade Tributária, diretamente dos pontos de venda.
Com este novo sistema, introduzido no âmbito do Simplex, o diretor-geral da gestora de operações lembra que reduzem-se as filas e o tempo necessário para processar os pedidos. O processo, por sua vez, tornou-se mais seguro ao permitir à Alfândega detetar quaisquer indícios de atividade fraudulenta.
Como funciona?
À saída da UE por Portugal, apresente o passaporte na loja para obter o formulário tax free. De seguida, dirija-se ao quiosque da Alfândega do aeroporto com o passaporte e o cartão de embarque para validar e seguir para o balcão do reembolso. Caso o ecrã fique vermelho, apresente-se no balcão da alfândega.
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