//“Choque de consumo” e “apreensão” com o futuro. O que disseram os patrões a Marcelo

“Choque de consumo” e “apreensão” com o futuro. O que disseram os patrões a Marcelo

O Presidente da República recebeu esta quarta-feira à tarde as confederações patronais. Marcelo Rebelo de Sousa ouviu pedidos para um “choque de consumo” e palavras de receio em relação ao futuro na sequência da pandemia de Covid-19.

A retoma económica está a ser “bastante fraca” e pediu um “choque de consumo”, disse o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, no final da reunião com o chefe de Estado, no Palácio de Belém.

“Neste momento a retoma é bastante fraca. Há um ambiente, ainda, de grande receio, e acima de tudo não favorável ao consumo. Há vários setores com perda de poder de compra, há restrições à mobilidade”, disse o presidente da CCP.

João Vieira Lopes assinalou que “há uma parte significativa da população que não está motivada para voltar ao consumo”, pelo que apelou a um “choque de consumo”, intenção que foi também manifestada a Marcelo Rebelo de Sousa.

O responsável defende a necessidade de “haver um conjunto de medidas que favoreçam [condições] para que os portugueses voltem a consumir mais”, algo “vital para a sobrevivência das empresas”.

Pandemia já fez desaparecer 181 mil empregos

Questionado qual seria o escopo dessas medidas, João Vieira Lopes deu o exemplo da Alemanha e de outros países, “onde há desde baixas de IVA a incentivos ao consumo”. “Por exemplo, na Alemanha baixou-se o IVA da restauração durante o ano, as retenções na fonte dos salários poderiam baixar, o que aumentaria a liquidez das famílias; o número de produtos que podem ser, em termos de IVA, descontados no IRS, pode aumentar de uma forma significativa” sugeriu o responsável.

João Vieira Lopes criticou ainda as “medidas que estão a ser tomadas em substituição do ‘lay-off’ simplificado”, considerando-as “muito difíceis de as aplicar na prática”, abrangendo “um número muito restrito de empresas”. Segundo o presidente da CCP, essas medidas “não vão impedir o feito de, em setembro e outubro, haver da parte de muitas empresas, opções de encerramento ou de redução dos seus quadros”.

João Vieira Lopes referiu-se ainda à visão estratégica do gestor António Costa Silva para relançamento da economia, criticando “o modo como foi elaborado e apresentado” o documento, que considera ser “praticamente omisso em relação ao turismo, ao comércio e aos serviços, que representam 70% do PIB”.

“Patrão dos patrões” pede ajuda para salvar empregos

A CIP – Confederação Empresarial de Portugal manifestou “apreensão” relativamente ao futuro próximo, na reunião com o Presidente da República em Belém, disse aos jornalistas o seu presidente, António Saraiva.

“A economia portuguesa está a viver, como sabemos, um momento extraordinário, como o mundo o está a viver. São necessárias respostas igualmente extraordinárias”, defendeu.

No dia em que se ficou a saber que 181 mil pessoas perderam o emprego entre fevereiro e junho, o responsável da confederação empresarial considera que há que acautelar o futuro, preservar o mais possível os postos de trabalho”.

Ministro da Economia acredita que "ponto mais crítico da contração económica ficou para trás"

O presidente da CIP defendeu que o regime de ‘lay-off’ simplificado, que será substituído por uma nova medida de apoio à retoma de atividade a partir de agosto, “visava precisamente” o objetivo de preservação do emprego.

António Saraiva pede “medidas para minorar esse mesmo desemprego”, dando “condições às empresas para que elas, que por modo próprio terão que salvar os seus negócios, [possam] gizar iniciativas para transformar os seus modelos de negócio, terão, como muitas que estão a fazer, reinventar-se”, quer para o mercado interno, quer para exportação.

O responsável assinalou que “aquelas [empresas] que não conseguindo reinventar-se, alterar modelos de negócio” poderão desaparecer, “porque os modelos de negócio ficaram obsoletos”, já que “a pandemia veio exponenciar aquilo que, de alguma maneira, já eram fragilidades empresariais que se verificavam”.

Assim, o responsável da confederação patronal voltou a criticar o “ruído” e a “burocracia” do novo modelo de apoio às empresas posterior ao ‘lay-off’ simplificado, “num momento em que a rapidez é um fator determinante para evitar esse desemprego potencial”.

António Saraiva disse também que a CIP vai “continuar a exigir” a manutenção da modelação dos horários e banco de horas individual, no atual contexto de crise e de recurso ao teletrabalho.

O presidente da CIP anunciou ainda que vai apresentar, em setembro, um estudo que demonstra que “a carga fiscal que hoje incide sobre todos os setores de atividade é brutal”, e que irá apresentar propostas nesse âmbito do Orçamento do Estado para 2021.

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