As perdas ainda estão a ser quantificadas, mas já não subsistem dúvidas de que as chuvadas que nas últimas semanas se têm abatido sobre o Fundão e concelhos vizinhos terão forte impacto na campanha da cereja.
Os sinais de que este seria um ano de boa colheita têm vindo a dar lugar a um cenário de preocupação entre os produtores, que se estende a linha produtiva a jusante da apanha.
“O mau tempo tem sido muito superior ao que podiamos supor, com reflexos muito fortes na produção”, diz à Renascença José Pinto Castello Branco, da CERFUNDão, antes de descrever o que se passou desde o último de março até agora.
“Até parecia mentira do 1 de abril, mas, infelizmente, era verdade. Tudo começou com o grande nevão que caiu por essa altura; daí para cá temos tido chuvas muito fortes dia sim, dia não, e isto está a ficar cada vez mais complicado”.
Os efeitos perversos da neve já não são uma novidade na região, com efeitos “em todas as cerejeiras que estavam em floração numa cota acima dos 650m” de altitude. O problema agravou-se com as chuvas que se seguiram, com danos assinaláveis nos frutos em fase final de formação.
Quebra na podução será “significativa” e vai estender-se ao próximo ano
Os produtores de cereja do Fundão estão confrontados com “uma perda de capacidade produtiva das árvores, que pode ser desta vez mais significativa” porque, esclarece José Pinto Castello Branco numa linguagem simples “a cerejeira trabalha a dois tempos; está a produzir num ano e já a criar as condições de produção para o próximo ano.
Quando ocorre um fenómeno destes, isto torna-se particularmente grave, porque afeta a campanha deste ano e do próximo”, sublinha. Com a chuva a cair de forma continuada, os produtores de cereja do Fundão viram-se forçados a adiar o início da apanha, que por estes dias já deveriar estar em curso.
Não há sequer sinais de contratação de mão-de-obra “importada” e as perspetivas de uma boa campanha da cereja, nesta primavera, são cada vez menores.
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