//CIP quer banca solidária com abrandamento económico

CIP quer banca solidária com abrandamento económico

O país enfrenta “uma situação nova e imprevisível”, que para atenuar o impacto necessita de “todas as entidades” e a “banca não é exceção”, diz António Saraiva, presidente da CIP, em declarações ao Dinheiro Vivo. O líder da CIP defende o alargamento dos apoios do Estado às grandes empregadoras, que não foram para já contempladas nas medidas do Governo.

Face à expectável quebra da atividade empresarial considera que o reforço da linha de crédito para 200 milhões de euros anunciada há dois dias pelo Governo para apoiar as empresas a combater esta crise é suficiente? O que defende?
A principal questão que se coloca não é a do valor anunciado do seu montante, que poderá ser reforçado em função das necessidades, mas o facto de apenas se destinar a microempresas e PME. Ora, existem empresas potencialmente afetadas que têm um volume de emprego que as coloca fora da definição de PME (sobretudo em setores intensivos em trabalho).

O lay-off simplificado e possível para empresas com quebras de 40% das vendas é uma medida ajustada ou acha que deveria ser mais abrangente?
As condições em que as empresas poderão recorrer ao lay-off estão a ser objeto de discussão com o Governo. Exigir uma quebra de 40% nas vendas não é certamente uma condição razoável.

Há vozes a defender que o Estado deveria conceder moratórias às empresas no que se refere ao pagamento de impostos e contribuições à Segurança Social. Defende a introdução destas medidas?
Entre as medidas apresentadas pelo Governo já constam prorrogações de prazos de pagamento de impostos. Não excluo, à partida, a necessidade de recurso a novos tipos de medidas. Todas as medidas devem ser equacionadas, avaliadas e aplicadas, conforme o exigir a evolução da situação.

A banca deveria assumir um papel ativo neste contexto de quebra de confiança e da atividade económica que se avizinha e em alguns sectores já se regista?
Sem dúvida. Este é um problema que convoca todas as entidades. Dado o papel que desempenha na economia, a banca não será, certamente, uma exceção. Aliás, hoje mesmo, o Banco Central Europeu já anunciou o lançamento de novos estímulos monetários e o alívio no cumprimento das exigências de rácios de capital por parte dos bancos, para assegurar a resposta às necessidades acrescidas de financiamento à economia real.

Donald Trump suspende a entrada de viajantes provenientes da UE, com exceção do Reino Unido. É mais um travão no contexto global e europeu na economia. Com base nas informações que dispõe, como analisa a robustez das empresas portuguesas para enfrentar o que se teme seja uma crise idêntica à de 2008?
As empresas portuguesas que sobreviveram à crise deram provas de grande resiliência. Haverá, certamente, umas mais robustas do que outras. Tudo depende da intensidade e duração de uma crise que poderá vir a revestir uma dimensão semelhante, mas não é idêntica à de 2008, nem na sua génese, nem na sua natureza, nem nas condições de partida das economias e do seu enquadramento.

O país está preparado para uma nova crise, quando ainda muito recentemente se levantou de uma séria recessão? Como impedir ou atenuar o que parece aí vir?
Esta é uma situação nova e imprevisível, para a qual nenhum país se encontra plenamente preparado. Impedir o seu impacto é já, infelizmente, uma impossibilidade. Atenuá-lo é uma exigência. Ao Estado, exige-se determinação e discernimento na tomada de medidas apropriadas, tanto em termos de saúde pública, como em termos de apoio à tesouraria das empresas e ao emprego. O objetivo é o de manter a confiança em toda a comunidade empresarial e garantir que a generalidade das empresas sobrevive às dificuldades atuais e mantém a sua capacidade para impulsionar a recuperação quando as restrições forem levantadas.

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