Os empresários querem baixar a Taxa Social Única (TSU) para pagar formação de trabalhadores. A proposta foi feita esta manhã, em Lisboa, pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e António Saraiva, líder do organismo, volta a falar de uma ideia que ver incluída no próximo Orçamento de Estado.
A proposta de reduzir a TSU não é nova: o ano passado, o PS tentou diminuir o encargo para as empresas, mas o Bloco de Esquerda, o PCP e os Verdes bloquearam a medida; e em 2012, o governo de Pedro Passos Coelho tentou baixar a TSU que as empresas têm de pagar como forma de reduzir o desemprego, mas a contestação à medida obrigou o governo de coligação PSD/CSD a dar o passo atrás.
Desta vez, António Saraiva pretende ver as empresas a pagar menos à Segurança Social, com o dinheiro poupado a ficar reservado para formação profissional certificada a trabalhadores.
A proposta enquadra-se num conjunto de mais 50 medidas que, segundo o presidente da CIP, procuram promover a competitividade. “Elegemos a promoção da produtividade como principal prioridade para a política económica e concretizamo-la com um conjunto de propostas, estruturado em quatro grandes eixos. Promover o investimento, fomentar condições de capitalização e financiamento, adequar o mercado de trabalho e melhorar o ambiente de negócio”, esclarece Saraiva.
O presidente da CIP afirmou, no Centro Cultural de Belém, que este alívio fiscal permitirá às empresas serem mais competitivas, e o governo deve “deixar de olhar para as empresas como meras fontes de receita, mas sim como motores de crescimento da nossa economia”. Saraiva diz ainda que o plano fiscal deve ser mais “previsível” de ano para ano, para dar “bases mais sólidas e duradouras” às empresas para crescerem.
Neste momento, as empresas pagam 23,75% de TSU com base no trabalhador, ou seja, 23,75% do valor que têm de pagar de salários destina-se à Segurança Social.
António Saraiva não vê um Estado a garantir “a qualidade dos serviços mais básicos, como é o caso da educação e da saúde, sem empresas fortes”, e assegura mesmo que o ajuste do nível salarial português aos padrões europeus e a redução da dívida pública são apostas “impossíveis” sem essas “empresas fortes”.
A proposta da CIP surge numa altura em que António Costa pressiona as empresas privadas a aumentar os salários dos trabalhadores, depois de ter atacado as empresas do PSI-20 e a EDP por terem uma política salarial “inaceitável”.
O presidente deixou uma farpa ao primeiro-ministro, pedindo ao Governo que “entenda as empresas como parte de uma cadeia de valor, como parceiros na construção de um país mais próspero e mais justo, criando condições objetivas de crescimento e de produtividade”.
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