//CIP: Só 0,18% da bazuca foi paga às empresas

CIP: Só 0,18% da bazuca foi paga às empresas

“A recuperação económica está a ser feita apesar do PRR”, lamentou esta segunda-feira o vice-presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, Armindo Monteiro, durante a conferência ‘Sinais Vitais’. O balanço que a associação empresarial faz da execução da bazuca é muito pessimista: “Dos 16,6 mil milhões de euros apenas 5 mil milhões foram alocados à iniciativa privada e desses só foram aprovados 262 milhões, sendo que efetivamente pagos foram apenas 9 milhões de euros, isto é, 0,18%. Como é que um PRR pretender ajudar na recuperação?”.

Armindo Monteiro frisa que a CIP já tinha alertado o Governo para o fraco nível de execução financeira da bazuca destinada às empresas, sublinhando a desigualdade no tratamento entre os privados e o Estado, uma vez que o bolo destinado ao setor público é muito superior: 11,6 mil milhões de euros. E acrescenta: “50% da verba que o Estado atribuiu a si próprio já foi aprovada”.

Para a confederação industrial, é “o estoicismo e a resiliência dos empresários que estão a permitir recuperar a economia”. 84% das empresas consideram que os programas de apoios estão aquém ou muito aquém das necessidades, segundo um barómetro revelado esta segunda-feira pelo diretor-executivo do FutureCast Lab, do ISCTE, Pedro Esteves. De acordo com esse estudo, que representa um universo de 150 mil empresas, sobretudo da indústria e energia, 77% dos administradores consideram que esses programas são burocráticos e que não valem o esforço da candidatura dado o pouco impacto que teriam na melhoria da saúde financeira empresarial. Deste modo, apenas 22% das empresas do barómetro se candidataram aos programas, nos últimos três meses.

Apesar deste cenário negativo, a sondagem revela uma melhoria nas contas das empresas. A maior parte, considera já ter atingido os níveis pré-pandemia e espera aumentar o nível de vendas e de prestação de serviços.

Aumento dos custos operacionais e diminuição das margens

Quase nove em cada 10 empresas (86%) apontam o agravamento dos custos operacionais como a principal preocupação da atual situação económica, segundo o inquérito da CIP. Em média, cerca de 35% dos inquiridos registaram um aumento dos custos entre 16% e 35% em junho face a janeiro de 2022. Porém, apenas 7% repercutiram, em média, esse aumento nos preços de venda ao público. A maioria, cerca de 46%, optou por refletir esse agravamento de forma moderada. E 25% preferiram manter o valor a cobrar ao cliente. A escassez de mão de obra é outro dos constrangimentos que estão afetar 40% dos inquiridos.

Ainda que as vendas estejam a subir, atingindo já os níveis de 2019, o vice-presidente da CIP avisa que “o volume de negócios está a crescer, mas a margem está a diminuir — o resultado entre os custos e os proveitos está a baixar –, porque as empresas estão com muito esforço ao não repercutirem o aumento dos custos”.