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Num ano marcado ainda pela pandemia que acelerou a transição digital, mas também dominado pela incerteza decorrente da guerra na Europa e dos seus efeitos – da inflação persistente à transformação energética, muitos são os desafios para as empresas.
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Ainda mais numa era de digitalização, em que surgem novos caminhos a todo o momento, há investimentos fundamentais a fazer para afirmar a economia e o tecido empresarial no mundo cada vez mais digital.
Teresa Abecasis, administradora da Galp, Sara do Ó, fundadora do Grupo Your, Miguel de Castro Neto, Diretor da Nova IMS, e Gonçalo Oliveira, CIO do Grupo Pestana, apontam caminhos a trilhar nas áreas da energia, informação e dados, serviços e turismo.
TERESA ABECASIS, GALP
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Qual é o maior desafio que antecipa para este ano no seu setor?
2023 tem de ser o ano em que traduzimos o consenso em matéria de transição energética em ação. Temos já definidos os grandes instrumentos de política europeia e nacional, como o REPower Europe, que definem os objetivos de descarbonização e de desenvolvimento das diversas tecnologias ao longo dos próximos anos e décadas. O grande desafio é declinar estas metas de alto nível em instrumentos e programas práticos que permitam que as coisas acelerem no terreno.
Quando comparamos as condições de investimento com as de outras regiões, como a Ásia, ou os EUA, em que o novo plano de redução da inflação contempla triliões de dólares em apoios à promoção dos carros elétricos ou do hidrogénio verde, na Europa continuamos com demasiados campos em aberto nas nossas folhas de Excel para que os planos de investimento batam certo. Do lado das empresas, temos uma visão clara em relação aos investimentos que devem ser feitos.
Que investimento é prioritário para dar gás aos negócios no comboio da transformação digital?
O desenvolvimento e adoção de novos sistemas digitais são hoje críticos para a transição para novas energias, para novas formas de mobilidade e para novas formas de serviço ao cliente. Logo, o investimento em novas capacidades tecnológicas e digitais será sempre decisivo para a transformação do nosso negócio.
Por outro lado, nenhum governo, empresa ou cidadão será, por si só, capaz de influenciar o rumo da transição energética. É um processo colaborativo. Quando permitem que os clientes façam parte da gestão do seu ecossistema de energia – seja nos painéis solares em casa ou nos pontos de carregamento elétrico dos seus automóveis – as plataformas digitais conferem a oportunidade única de incluir os cidadãos neste caminho conjunto para a descarbonização.
MIGUEL DE CASTRO NETO, NOVA IMS
Qual é o maior desafio que antecipa para este ano no seu setor?
Tirar partido da transformação digital em curso para fortalecer estruturalmente a capacidade de reação das organizações a um ambiente em acelerada mudança, apostando no desenvolvimento de competências analíticas capazes de suportar a transição de uma gestão reativa para um ambiente de tomada de decisão pró-ativo.
Que investimento é prioritário para dar gás aos negócios no comboio da transformação digital?
Independentemente da maturidade da transformação digital das organizações, é inquestionável que existe uma necessidade transversal de investimento na governação de dados, não apenas para assegurar a capacidade de integrar dados de múltiplas fontes e formatos, internos e externos, em paralelo com a aquisição de competências analíticas capazes de promover a sua exploração visando criar um ambiente de tomada de decisões baseado em factos (data-driven organizations) na tripla dimensão analítica – descritiva, preditiva e prescritiva, sem esquecer a necessária gestão da privacidade dos dados e da cibersegurança. Isto permitirá criar valor a partir da transformação digital na medida em que estão criadas as condições para explorar o seu potencial não apenas em termos de ganhos de eficiência, mas especialmente na expansão do espaço de oportunidade para a criação de novos produtos e serviços.
GONÇALO OLIVEIRA, PESTANA
Qual é o maior desafio que antecipa para este ano no seu setor?
Qual é o maior desafio que antecipa para este ano – marcado ainda pela pandemia que acelerou a transição digital, mas também dominado pela incerteza – para as empresas no seu setor?
A transição digital está já incorporada na generalidade da economia, incluindo nos setores mais tradicionais, como o do Turismo, facto que introduz distintas camadas de complexidade consoante a natureza do negócio. Nos grupos hoteleiros com um portefólio extenso e internacional, como é o caso do Pestana Hotel Group, as equipas de IT detêm uma massa crítica de dados bastante importante. Por um lado, é possível, por exemplo, reduzir custos de intermediação, em benefício do cliente, que não vê refletido na tarifa do alojamento o impacto do aumento de custos advindo, por exemplo, da inflação. Por outro, os dados permitem reduzir custos da operação através da monitorização da poupança de recursos, designadamente energéticos. A importância dos dados e a construção de bases informacionais de suporte ao negócio é um desafio para 2023, tanto a nível de cliente, como não cliente, designadamente os custos de energia.
Que investimento é prioritário para dar gás aos negócios no comboio da transformação digital?
Os investimentos mais imediatos verificam-se desde logo na resiliência de negócio, incluindo soluções cloud based. Os investimentos em ciber segurança, que no Pestana Hotel Group têm sido adotados com dotação financeira e de recursos humanos bastante significativos, vão, naturalmente, prosseguir ao longo do ano e receber os necessários reforços para assegurarmos a proteção das nossas infraestruturas. Outros elementos prioritários para nós consistem na gestão dos custos de energia e melhoria das operações, para ajustar no contexto de inflação com sistemas de suporte ao longo da cadeia de valor.
SARA DO Ó, GRUPO YOUR
Qual é o maior desafio que antecipa para este ano no seu setor?
Qual é o maior desafio que antecipa para este ano – marcado ainda pela pandemia que acelerou a transição digital, mas também dominado pela incerteza – para as empresas no seu setor?
É uma realidade o facto de a pandemia ter acelerado a transição digital, nomeadamente o desenvolvimento das plataformas on-line de e-commerce, para dar resposta às necessidades do mercado e dos consumidores. O desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação e informação permitiram dar respostas às dificuldades impostas pela covid-19, contribuindo decisivamente para o aceleramento da digitalização da cadeia de produtos e serviços.
Para os setores de atividade onde estamos inseridos, um dos maiores desafios é o pilar da inovação e a necessidade de investimento na digitalização da nossa oferta, permitindo uma maior agilidade na resposta às necessidades dos clientes e o reforço na qualidade de resposta.
A concentração das empresas, a sua qualificação e dos profissionais do setor são um dos pilares de atuação, a par da tendência pela automatização e disponibilização de serviços digitais. Tudo isto passa, no meu entender, também pela valorização e enriquecimento da profissão – de contabilista a consultor.
A par da transição digital, o nosso maior desafio é incentivar o empreendedorismo e apoiar as PME a potenciar os seus negócios e crescerem de forma sustentada, promovendo o trabalho em parceria, quebrando as “quintinhas” existentes que são um impedimento ao desenvolvimento das empresas e do nosso tecido empresarial.”
Que investimento é prioritário para dar gás aos negócios no comboio da transformação digital?
As organizações que prestam serviços e que são, como no caso do Grupo YOUR, um Marketplace de soluções empresariais neste mercado cada vez mais competitivo e exigente, têm obrigatoriamente de realizar investimento na dotação de plataformas e ferramentas digitais, sempre com o foco nos clientes. É isso que temos vindo a fazer. No Grupo YOUR a digitalização é já uma das nossas vantagens competitivas e temos uma área de tecnologia de informação que está constantemente a acompanhar as tendências do mercado. Para acompanhar este processo temos programas de requalificação das nossas pessoas através de formação para reforçar e melhorar as suas competências e prepará-las para esta transformação do negócio.
São o próprio mercado e os clientes que nos desafiam na simplificação de processos, permitindo maior agilidade, conveniência e facilidade na relação. A par disto há temas que estão em cima da mesa como a Cibersegurança, a Inteligência Artificial que vai ser game changer em todas as atividades, e a própria Gestão e Análise de Dados.
A par da transformação digital, assumo a importância e o compromisso com o environmental social and governance (ESG) sendo as suas dimensões essenciais para a tomada de decisões relacionadas com o negócio, clientes e até investidores. Por exemplo, no pilar Social o Grupo YOUR tem um conjunto de ações e envolvimento em prol da comunidade através de investimento social privado, em áreas como a inclusão, a gestão dos nossos colaboradores e o seu bem-estar, a diversidade, a segurança no trabalho, entre outros. São temas que fazem parte do nosso ADN e da nossa cultura interna.
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