//Comprar casa em Lisboa ficou 12,8% mais caro

Comprar casa em Lisboa ficou 12,8% mais caro

Os preços das casas no país continuam num ritmo ascendente e a tendência deverá manter-se neste futuro próximo, fruto essencialmente de três variáveis: escassez de oferta versus elevada procura, aumento da inflação e subida dos custos de mão de obra. Em Lisboa, e contrariando as expectativas de uma descida impulsionada pela crise pandémica, verificou-se uma acelerada escalada dos preços da habitação no arranque do segundo semestre de 2021, acima da média do país.

Segundo revelou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE), entre julho e setembro de 2021 o preço mediano do metro quadrado na capital atingiu os 3592 euros, um incremento de 12,8% face ao mesmo período de 2020. Um claro volte-face no mercado, tendo em conta que nos primeiros três meses do ano – marcados pelo confinamento – apresentou uma variação homóloga negativa de 7,9% e no segundo trimestre um aumento residual de 1,4%. Como realçou o INE, o valor do metro quadrado em Lisboa superou o do primeiro trimestre de 2020 (3536 euros), que era o mais elevado desde o início da série estatística.

A nível nacional, o preço mediano das casas aumentou 12,2% no terceiro trimestre de 2021, quando comparado com o homólogo de 2020, e 3,4% em cadeia, com o custo do metro quadrado a fixar-se nos 1311 euros. Já no trimestre anterior a variação homóloga registada foi de 6,8%. Indicadores que conduziram o INE a afirmar que os dados evidenciam “uma aceleração dos preços da habitação”. De notar que o crescimento no total nacional, apesar de elevado, foi inferior ao verificado em Lisboa.

Na Área Metropolitana de Lisboa, o preço mediano do metro quadrado atingiu no verão os 1364 euros, um aumento homólogo de 7,9%. Nesta região há a destacar que todos os municípios registaram preços de habitação superiores ao nacional, com o valor em Cascais a chegar aos 3100 euros, em Oeiras aos 2618 euros e em Odivelas aos 2190 euros.

No Porto, o preço do metro quadrado para habitação chegou aos 2319 euros entre julho e setembro, uma subida homóloga de 3,9%, mas bastante distante da verificada a nível nacional, embora em valor esteja bem acima da média do país.

Já no total da Área Metropolitana do Porto o crescimento foi de 7,9%, para 1364 euros. Segundo o INE, também neste território todos os municípios apresentaram preços medianos superiores ao nacional, com as exceções de Gondomar (1285 euros) e Santa Maria da Feira (960 euros).

Nas estatísticas de preços da habitação a nível local verifica-se ainda que cinco concelhos com mais de 100 mil habitantes apresentaram taxas de variação homólogas superiores à nacional – Vila Franca de Xira (18,6%), Matosinhos e Cascais (ambos 14,1%), Seixal (13,1%) e, como já referido, Lisboa (12,8%). Em sentido contrário, Oeiras, Odivelas e Porto registaram taxas de variação homóloga inferiores à observada no país, 10,3%, 8,9% e 3,9%, respetivamente.

Esta escalada nos preços estende-se um pouco por todo o território nacional. Segundo os dados estatísticos do INE, todas as 25 sub-regiões do país registaram um crescimento homólogo dos preços da habitação, com destaque para o Alentejo Central, com um aumento de 17,1%, para 803 euros o metro quadrado, o Cávado, mais 13,1%, para 1100 euros, e o Oeste, com um incremento de 12,6%, para 1158 euros.
Neste universo soma-se ainda o Algarve, com um incremento homólogo dos preços de 13,9%, para 2057 euros. Todas estas sub-regiões apresentam crescimentos acima do total nacional. Do lado oposto encontra-se o Alto Alentejo, que apresentou, simultaneamente, a menor taxa de variação homóloga e o menor preço mediano de venda de casas, 0,4% e 452 euros o metro quadrado.

sonia.s.pereira@dinheirovivo.pt