//“Conexão” vale milhões. CEOs revelam segredo do sucesso na Web Summit

“Conexão” vale milhões. CEOs revelam segredo do sucesso na Web Summit

O que é que a indústria do retalho e um VPN podem ter em comum? No quinto palco da edição deste ano da Web Summit Lisboa, esta quarta-feira, algures durante a tarde, dois CEOs de duas empresas recém financiadas partilharam histórias sobre o poder da tecnologia e descortinaram de que forma utilizam o seu sucesso para conectar pessoas.

Entre a Keychain – que disponibiliza software para simplificar o complexo mundo da gestão de cadeias de abastecimento -, e a Tailscale – que oferece uma solução de rede privada virtual (VPN) focada na velocidade, simplicidade e segurança -, não parece haver muito que se possa comparar à primeira vista. Mas, ao final dos 20 minutos de conversa em palco, Oisin Hanrahan (Keychain) e Avery Pennarun (Tailscale) chegaram à conclusão de que têm uma missão similar: reconfigurar setores tradicionais com software para garantir, mais do que conectividade, conexão.

Uma empresa digital mas “do mundo real”

Oisin Hanrahan, líder da Keychain, lida com o problema da (falta de) conexão todos os dias “no mundo real”. “Tudo o que compramos não começa na loja. Começa na cabeça de alguém que, quando decide fazer um novo produto, cria uma reação em cadeia que, historicamente, é uma grande confusão”, começa por explicar. “O processo que acontece entre o momento de querer fazer um novo produto para dar ao mundo e comprá-lo numa loja é um desastre total”, diz, acrescentando que é por isso que, muitas vezes, a comida que compramos está cheia de “aditivos e conservantes”: não por escolha do fabricante, mas porque o processo demora tanto que acaba por ser uma necessidade.

“É um processo tão difícil e dispendioso que, quem passa por ele, acaba por ter de reduzir os riscos do projeto. E, cada vez que se reduzem os riscos de algo no mercado de consumo, torna-se o produto menos saudável”, lamenta, garantindo que criou o software que criou para ajudar marcas e retalhistas, mas também consumidores, especialmente num mundo onde o ciclo de inovação está sob pressão. “Estamos a ajudar a colocar produtos mais saudáveis nas prateleiras para que possamos viver vidas mais saudáveis”, assegura.

Em menos de dois anos, milhões de investimento (incluindo da Sonae)

Em menos de dois anos, a sua visão de uma cadeia de abastecimento mais simples e conectada (e sim, envolve Inteligência Artificial) tem funcionários no Texas, sede em Nova Iorque, engenheiros na Índia e um novo escritório em Dublin. Para além disso, é utilizada por mais de “20 mil marcas e retalhistas” – e apoiada por outras: recentemente, recebeu mais de 60 milhões de euros em investimento.

“Trouxemos a bordo a General Mills, a Hershey Richest Foods… Em Portugal temos a sorte de contar com o braço de investimento do maior retalhista do país, a Sonae”, revela.

O caminho até aqui não foi, certamente, acidental: antes de criar esta nova empresa, Oisin esteve à frente de outra, a Handy, uma das maiores empresas do mundo de serviços domésticos, que vale milhões e emprega milhares de pessoas. Hanrahan percebeu, assim, qual era o seu nicho: “empresas do mundo real”, “focadas em ajudar pessoas reais”. Com o tempo – e o dinheiro – tornou-se “angel” (ou investidor) noutras empresas, reunindo, hoje em dia, mais de 50 empresas onde é conselheiro e mentor.

“Uma das competências que os fundadores têm é a capacidade de reconhecer quando vêem uma oportunidade explosiva”, defende. “É a combinação da experiência com o reconhecimento da oportunidade”. A vocação acaba por explicar o seu sucesso, mas, no final, Oisin diz não estar só interessado em colecionar milhões. “Sim, queremos gerar lucro, mas ter também um impacto positivo, ser uma força para o bem”, admite, assegurando que quer estar envolvido em projetos que “sejam algo bom também para o mundo”.

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