//Confederação Comércio. Previsões de retoma rápida são “pouco credíveis”

Confederação Comércio. Previsões de retoma rápida são “pouco credíveis”

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) considerou hoje “pouco credíveis” as previsões que apontam para uma rápida recuperação da economia após o “Grande Confinamento” e defende uma resposta “inovadora” à crise pela União Europeia.

Num comunicado com o título “Não matem a economia” hoje divulgado, a CCP refere ser preciso ter noção de que a “retoma será um processo lento” – sendo tanto maior quanto mais longo for o confinamento – e que em algumas áreas de atividade se irá prolongar para além deste ano, “em resultado dos novos hábitos de vida e de consumo” que a atual crise pandémica veio impor.

Esta leitura dos factos conjugada com “as quebras expressivas” da atividade já registadas levam a confederação presidida por João Vieira Lopes a considerar que as previsões assentam “numa evolução otimista da crise” e a antecipar que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 poderá “situar-se acima dos 10% em Portugal” – uma visão mais pessimista do que a antecipada pelo ministro das Finanças que, em entrevista à TVI, na semana passada, afirmou que a queda da economia no conjunto do ano não deverá atingir os dois dígitos.

Assinalando que a saúde pública não se defende apenas com o confinamento continuado da grande maioria da população, a CCP refere ser essencial “pôr a economia a funcionar” e considera que “matar a economia para reduzir a zero hoje qualquer risco de contágio não é uma opção razoável”.

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal indica ainda que esta crise, apesar do grande impacto na economia, “nasceu por causas que lhe são alheias” o que a torna excecional, sendo, por isso, necessário adotar medidas excecionais para lhe responder.

“Perante a presente crise, o mero recurso aos instrumentos comunitários já existentes, com a manutenção de uma visão ortodoxa na sua aplicação, são uma resposta totalmente insuficiente e, por isso, é essencial que o Governo português não se acomode a pretensos consensos, para todos ficarem bem na fotografia mas cujo custo iremos todos pagar em breve”, indica a Confederação.

A CCP considera, assim, que “são, necessárias políticas públicas robustas, inovadoras e de rápida aplicação, quer para evitar o colapso imediato de uma grande parte da economia, com as graves consequências económicas e sociais daí resultantes, quer para evitar que a crise económica que já temos não degenere numa crise financeira se grandes proporções”.

Neste contexto, defende que a nível europeu sejam criadas soluções inovadoras como a criação de um Fundo de Recuperação da Economia Europeia, a ser utilizado nos próximos 2 a 3 anos – como defende França – com emissão e garantia comuns.

Para a CCP é essencial que a nível europeu sejam tomadas medidas que evitem uma subida acentuada dos juros, seja no mercado dos títulos da dívida pública, seja no mercado do crédito bancário e que os montantes financeiros concedidos para o combate à crise “engrossem” os stocks das dívidas pública.

A CCP entende que as instâncias europeias devem criar um programa comunitário de recuperação da economia europeia e reestruturar e reforçar financeiramente os grandes pilares do Orçamento Comunitário para 2021-27.

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