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A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) lamentou esta quarta-feira um “problema estrutural” de produtividade em Portugal e que os planos apresentados pelos últimos Governos passam por “melhorar um pouco” o que há e “mais nada”, referindo que a Europa “perdeu a guerra da economia” e que quem domina a nova fase económica são os Estados Unidos e a China.
Na abertura da conferência “O futuro da Europa: Modelo Europeu e o Esgotamento do Milagre Alemão”, que se está a realizar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o presidente da CCP, João Vieira Lopes, mostrou-se surpreendido por o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter convocado uma reunião da concertação social para esta quarta-feira, marcada para as 10 horas, sem acertar com os parceiros sociais a data da mesma.
“Provavelmente não conseguirei ouvir a intervenção do primeiro-ministro, mas também não é difícil perceber qual é o seu enquadramento”, desabafou, no final da sua intervenção.
Ao longo do seu discurso, João Vieira Lopes apontou para um “problema estrutural” de produtividade em Portugal, que é “75% da europeia, que já de si é 80% da americana”.
“A Europa perdeu claramente a guerra da economia 4.0. China e EUA dominam a nova fase da economia e não será muito fácil à Europa voltar a ter o papel que tinha”
O presidente da CCP considerou que o setor do comércio e serviços tem vindo a ser “sempre bastante discriminado”, não só a nível das políticas, mas também de fundos europeus: “Em matéria de fundos de coesão, aquilo que foi para as empresas privadas andou, em média, na casa dos 4% na área do comércio, nos 11% na área dos serviços, 15% para a área do turismo”, exemplificou.
João Vieira Lopes refere, então, que a situação atual “não é boa – nem para a Europa, nem para a Alemanha” e que o relatório Draghi, sobre competitividade da União Europeia e lançado em setembro do ano passado, aponta para algumas falhas do modelo económico europeu.
“A primeira é clara: A Europa perdeu claramente a guerra da economia 4.0. China e EUA dominam a nova fase da economia e não será muito fácil à Europa voltar a ter o papel que tinha”, referindo que é necessário “refletir” e que Portugal tem duas “valências importantes” neste domínio – a capacidade humana e o território -, mas que o padrão global é baixo: “os salários são baixos, a produtividade é baixa e temos vindo a ser submetidos a este ciclo vicioso”, acrescenta.
O presidente da CCP refere que a maior parte dos planos apresentados pelos últimos Governos em Portugal passa por “melhorar um pouco” o que há e “mais nada”: “Muita atuação na parte da procura, pouca atuação na parte da oferta”, afirma, apontando que é preciso ir além da área fiscal e apostar no investimento, completando que, segundo a OCDE, o único país da organização com mais carga fiscal que Portugal é a Colômbia,
“Portugal tem uma média de startups por 100 mil habitantes bastante alta, mas as que vingam não se desenvolvem cá porque não há mercado de capitais, não há capacidade financeira para as suportar”, sublinha, referindo que a economia portuguesa está “completamente dependente da banca” e que o desafio passa por “romper o paradigma”.
A conferência, que marca o arranque das comemorações dos 50 anos da CCP, irá ainda contar com uma reflexão de Wolfgang Münchau, economista alemão, e um painel de debate com António Ramalho, presidente da Lusoponte, o antigo ministro da economia Augusto Mateus, e João Marques de Almeida, especialista em Relações Internacionais.
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