Confinados em casa por causa da pandemia do Covid-19 os portugueses consomem mais produtos de marca própria e viram as cadeias de distribuição reduzir a sua oferta em promoção. Se antes do Covid-19 cerca de metade das vendas nos supermercados se devia às promoções, agora representam pouco mais de um terço.
Os produtos de marca própria começaram a ganhar peso no cabaz de compras dos portugueses a partir do momento em que os portugueses começaram a preparar a despensa para enfrentar o confinamento imposto pela pandemia do coronavírus, começando a ganhar peso na semana 11. Se desde o início do ano, e numa realidade ainda pré-Covid-19, o crescimento da marca Própria se encontrava nos 30,8%, após o início da pandemia passa a situar-se nos 32,8%, informa o Barómetro Covid-19 da Nielsen.
Se a marca própria cresceu, o mesmo não se pode dizer do ambiente promocional em loja que sofre uma quebra desde o início da pandemia. “Se no período pré-Covid-19 o valor médio das vendas em Promoção se posicionava muito próximo dos 50% e na primeira semana de registo do vírus em Portugal esta chegou mesmo aos 51,2%, nesta semana 14 o fenómeno de quebra é já plenamente percetível, caindo para os 32,5%”, informa a Nielsen.
Depois da corrida aos supermercados, a partir da semana 12, data em que é declarado o Estado de Emergência, os portugueses começam a optar por lojas de proximidade, com as lojas livres-serviços a ultrapassar, “pela primeira vez neste período a barreira percentual dos 15% de vendas em valor no conjunto de vendas registadas a nível nacional em todos os tipos de loja.”
O que compraram os portugueses?
Na semana 14 (30 de março a 5 de abril de 2020) os portugueses compraram 187,5 milhões de euros, um crescimento de 20% face ao período homólogo do ano passado e um de 15% face à semana anterior. Um impulso que a Nielsen aponta à Páscoa, que este ano se celebrou mais cedo, a 12 de abril, quando em 2019 se assinalou a 21.
“Os valores para as vendas do retalho alimentar nesta semana 14 – a semana anterior à Páscoa – demonstram que, apesar das restrições impostas à circulação em território nacional, os Portugueses fizeram planos para se sentarem à mesa nas suas casas para celebrar esta época central no calendário religioso e na vivência familiar”, refere Marta Teotónio Pereira, client consultant senior da Nielsen, citada em nota de imprensa.
O impacto da Páscoa é notório nas vendas do talho (+18%), com destaque para a carne de ovino e caprino (+85%), sendo ainda visível em contexto online. Na semana 14, o número de ocasiões de compra online cresce 200% e aumenta 192% em novos lares, destaca a Nielsen.
“A evolução das vendas nas categorias de produtos de grande consumo demonstra que os Portugueses que se mantêm em quarentena têm vindo a tentar assegurar um bem-estar e cuidado consigo próprios, muito provavelmente para tentar experienciar esta nova realidade da melhor forma possível”, refere Marta Teotónio Pereira.
Neste sentido, é mais visível a preocupação com produtos de Higiene Pessoal, nomeadamente Depilação (+31%) e Produtos para Cabelo (+20%), que entram para o ranking de maiores crescimentos de Higiene Pessoal e do Lar. Laranja (+115%), Limão (+98%), Tangerina/Clementina (+71%) e Kiwi (+33%) são dos produtos que se mantêm no top dos crescimentos na categoria de Frutas e Legumes evidenciando uma preocupação com a defesa do sistema imunitário.
E lá fora, como tem evoluído o consumo?
Mesmo no contexto europeu mais próximo geograficamente, as dinâmicas de consumo se apresentam distintas, refletindo diferentes impactos da Covid-19 e respostas à mesma, refere a Nielsen.
“Se em Portugal, Espanha, Itália e França o pico das vendas se situou na semana 11, com incrementos menores comparativamente ao período homólogo após essa data, a situação no Reino Unido mostra um pico do consumo na semana 12 e decréscimos face a 2019 nas duas semanas seguintes. Uma distinção que pode mostrar um paralelismo com uma reação mais tardia a esta pandemia.”
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