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O foco da maior parte das pessoas é trabalhar mais para ganhar mais dinheiro. O dia tem apenas 24 horas e o tempo não estica. Mas há outra forma de aumentar o rendimento. Bárbara Barroso, especialista em Finanças Pessoais e fundadora do laboratório de literacia financeira MoneyLab, no livro intitulado Ponha o dinheiro a trabalhar para si, que acaba de ser lançado, propõe caminhos alternativos.
Aquilo que se ensina é que temos de trabalhar para auferir um salário ao fim do mês, mas a autora defende que “é possível alterar este padrão do dia-a-dia e uma das formas de o fazer é começar “a reduzir as despesas”. É necessário, desde tenra idade, começar a pensar em poupança. O aforro é a diferença entre receitas e despesas, e para se “aumentar este gap existem três formas: ou se diminui despesas ou se aumenta receitas, ou se faz as duas coisas e obtém-se um gap maior”.
Quando a obtenção de rendimento está dependente apenas do trabalho, “acaba por existir uma limitação”, afirma Bárbara Barroso em entrevista ao Dinheiro Vivo. “Mesmo trabalhando o dia todo, as necessidades básicas como comer, dormir, descansar têm que ser repostas”. E, ao longo da carreira profissional, o salário pode ter um aumento mas, a certo ponto, não progride mais. “Há um teto para aquilo que podemos ganhar, exceto se os nossos rendimentos vierem de investimentos”.
É possível, por exemplo, aplicar dinheiro em ações e receber dividendos, e em imobiliário e receber rendas. Pode criar-se uma estrutura que permita ter uma renda passiva (dinheiro investido, dando retorno independentemente do esforço) e ativa (proveniente do trabalho, de formas que impliquem esforço físico ou intelectual para obter um pagamento). Ou seja, avança Bárbara Barroso, pode-se “ganhar dinheiro quer se esteja a trabalhar ou a dormir”.
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A autora propõe uma fórmula de sete passos para se aumentar o rendimento e conseguir um maior controlo das finanças pessoais.
Primeiro, é preciso trabalhar a mentalidade e a identidade, para que possa começar a pensar como uma pessoa de elevado rendimento. “O pensar não tem a ver com o bolso”, esclarece Bárbara Barroso: “Conheço muitos milionários com mente de pobre”, garante. Para se pensar como um milionário, deve agir-se como um. As ações e comportamentos têm influência ao longo da vida e cada um pode mudá-la. “Se os pensamentos são maus, vou sentir raiva, irritação e os resultados não vão ser os que pretendo alcançar”, menciona a especialista em Finanças Pessoais. O mesmo acontece de forma inversa – alterar o modo de pensar torna possível atingir os objetivos. As pessoas bem-sucedidas a nível financeiro têm comportamentos e formas de fazer negócio padronizados e é possível replicá-los.
O livro partilha alguns segredos de milionários, descodificando a sua linguagem. Bárbara Barroso partilha metodologias que são usadas por essas pessoas para acumularem dinheiro. Uma das formas é precisamente começar a investir e a criar uma cadeia de investimentos.
É importante ressalvar que “não basta ganhar muito dinheiro ou atingir determinado patamar, é preciso saber como preservar o património e o capital”, sublinha ainda a autora.
Depois, há que olhar para as finanças pessoais e arrumá-las de uma forma clara. Ver onde é necessário e possível cortar despesa, onde existem ineficiências, e arranjar uma forma de poupar que se adeque à situação particular.
Fundamental também é saber para onde se quer ir. Identificar-se onde se está e depois traçar um caminho para o objetivo, fazendo um planeamento. É importante responder a perguntas como: para o que quero poupar? Para a reforma? Para a compra de uma casa?
Aplicação no dia-a-dia
Elaborar um orçamento mensal ou anual é um dos passos a dar, explica Bárbara Barroso, para identificar categorias onde se tem mais despesas e diferenciar o que é “desejo” de “necessidade”. É, no fundo, “colocar tetos e verificar se está dentro ou fora”.
Quando se faz um orçamento, “muitas vezes começa-se por aquilo que é um mapa de fluxo de caixa. Devem ser apontadas todas as despesas, tudo o que entra e o que sai. Só assim vamos estabelecer metas, objetivos e saber em que ponto estamos”, refere a especialista.
É importante fazer uma análise detalhada às contas e é possível que se fique chocado ao se descobrir no que se gasta dinheiro. Este é o ponto principal para quem “quer pôr as mãos na massa”. O orçamento pode ser feito em Excel, Google Sheet e aplicações. “Fazer um orçamento é, no fundo, ter uma fotografia do nosso padrão de vida”, remata Bárbara Barroso.
A fundadora do Moneylab foi chegando a estas conclusões ao longo de 17 anos de carreira em Finanças Pessoais. E elege como passo mais importante a mudança de mentalidade, a forma como nos relacionamos com o dinheiro. “Muitos dos resultados estão interligados ao aspeto comportamental de cada um. A nossa identidade é que faz a mudança. Antes de entrar nos orçamentos há que perceber a relação com o dinheiro e a nossa identidade financeira”, afirma.
Contribuir para mudar a literacia financeira em Portugal é um dos grandes objetivos de Bárbara Barroso. E, com esse objetivo, a especialista vai participar numa aula em Finanças Pessoais, no próximo dia 30 de abril, no Altice Arena, em Lisboa. O evento destina-se a pessoas que pretendem iniciar os primeiros investimentos ou investir melhor. No programa intensivo que vai ter lugar na Sala Tejo, os participantes vão aprender como gerir melhor um portfólio, criar uma carteira de ações, entender a nova classe de ativos (as criptomoedas) ou como declarar os diferentes investimentos do IRS.
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