//Conselho de Finanças Públicas quer regra fixa para reforçar pensões mais baixas

Conselho de Finanças Públicas quer regra fixa para reforçar pensões mais baixas

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) defende que a medida que nos últimos seis anos tem assegurado atualizações mínimas de dez euros entre as pensões de valor mais baixo deve passar a permanente, garantindo assim maior previsibilidade à despesa da Segurança Social.

A ideia foi deixada ontem em relatório de análise à evolução orçamental da Segurança Social, com o órgão liderado por Nazaré Costa Cabral a notar o peso crescente da despesa com atualizações extraordinárias de pensões e também a alertar para o risco de esta medida pôr em causa “a filosofia e os objetivos” das regras legais de atualização de pensões, destinadas a assegurar a manutenção do poder de compra dos pensionistas.

“Esta atualização extraordinária tem vindo a ser aplicada de forma recorrente desde 2017, o que não pode deixar de suscitar a questão de saber até que ponto não faria sentido alterar de forma permanente a regra de atualização destas pensões de montante mais baixo”, refere o CFP.

Está em causa a garantia de atualização mínima de dez euros nas pensões de valor até 1,5 vezes o indexante de apoios sociais (658,20 euros no ano passado) que tem sido legislada anualmente nos Orçamentos do Estado até 2021. Neste ano, abrangerá já as pensões de até 1108 euros (2,5 vezes o indexante de apoios sociais), conforme o Orçamento para 2022 aprovado pelo Parlamento na semana passada, numa medida a aplicar a partir de julho com efeitos retroativos a janeiro.

“Na verdade, por razões de previsibilidade na gestão financeira do sistema de Segurança Social, até como salvaguarda da sua sustentabilidade, será sempre preferível contar com um quadro legislativo estável, com regras de aplicação objetiva e automática, do que com intervenções discricionárias e casuísticas do decisor político que, no limite, podem pôr em causa a filosofia e os objetivos últimos do quadro legal existente”, defende o organismo liderado por Nazaré Cabral.

O CFP diferencia os objetivos sociais da atualização extraordinária dos objetivos de garantir acompanhamento do poder de compra e ligação ao crescimento económico registado no país que orientam a atualização automática anual das pensões.