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A Caima, empresa portuguesa de produção de pasta de celulose, e dois centros tecnológicos, o CeNTI e o CITEVE, estão na fase final de um projeto que pretende usar madeira de eucalipto para criar fibras têxteis rastreáveis e funcionais.
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Na prática, “até ao momento, já foram produzidas, numa unidade piloto constituída e adquirida para o efeito, fibras de Lyoncell, as primeiras a serem desenvolvidas em território nacional”, avançam os promotores.
Em fase de teste estão fibras de Lyoncell funcionalizadas, neste caso, com características antibacterianas e retardantes de chamas, além de permitirem a sua rastreabilidade.
Até ao final do projeto, no próximo mês de junho, o consórcio tem a expectativa de conseguir validar as soluções em teste, bem como produzir fibras de Viscose com as novas propriedades.
Libertar da dependência da China
O projeto designado por Fiber4Fiber pretende contribuir para “enriquecer o conhecimento técnico do setor”, uma vez que “a pasta solúvel de Eucalyptus globulus para produção de Lyocell é algo que se encontra escassamente estudado e sistematizado”.
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Por outro lado, é uma via para “valorizar os recursos naturais nacionais, fomentando a sua utilização em processos com maior valor acrescentado”, uma vez que, na atualidade, “a produção de fibras celulósicas têxteis, baseadas em pastas solúveis” – na ordem dos “8 milhões de toneladas” – é assegurada sobretudo pela China, que representa “quase 70% da quota mundial”.
Daí, ser intenção do consórcio “desenvolver uma solução alternativa, à escala europeia, que minimize a importação de fibras e reduza a pegada ecológica”.
Vantagens das fibras celulósicas
Do ponto de vista das características do produto, os investigadores destacam a possibilidade de “inclusão de agentes ativos e funcionais – nomeadamente propriedades antimicrobianas, anti estáticas e retardância à chama – nas fibras celulósicas têxteis”, apontando essas vantagens como “uma inovação face ao que existe atualmente no mercado”.
“Outro dos fatores diferenciadores destas fibras celulósicas passa pela incorporação de agentes de rastreabilidade na fase de produção da pasta, permitindo identificar a matéria-prima e reconhecer o produto e as características face a materiais provenientes de outras fontes”, referem os promotores, notando que rastrear ao longo da cadeia de valor é visto como uma mais-valia que “permitirá à Caima não só rastrear o seu produto, a pasta, como oferecer aos seus clientes essa mesma funcionalidade”.
Ainda sem previsão de quando as fibras celulósicas possam chegar ao mercado, o projeto representou um custo total elegível de 1,925 milhões de euros, contando com um apoio financeiro de 1,201 milhões de euros, por via do Portugal 2020 e do FEDER.
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