O consumo de gás em Portugal recuou 19,6%, para 12,9 TWh (terawatts/hora), no primeiro trimestre deste ano face ao mesmo período de 2022, informou esta quinta-feira a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).
De acordo com o ‘Boletim de Utilização das Infraestruturas de Gás’ da ERSE, “o consumo acumulado de gás em Portugal, até ao final de março de 2023, foi de 12,9 TWh (12,4 TWh, excluindo as redes abastecidas por Unidades Autónomas de Gás), menos 19,6% do que no mesmo período do ano anterior”.
Segundo o regulador, “este decréscimo do consumo de gás é especialmente visível nas centrais a gás para a produção de energia elétrica, cujo consumo foi cerca de 4,3 TWh no primeiro trimestre de 2023, correspondendo a uma redução de 39,4% face ao período homólogo de 2022”.
“A redução do consumo das centrais a gás está associada à elevada produção de energia renovável (eólica, solar e hídrica), 57% mais em 2023 face a 2022”, explica, acrescentando que, embora “de forma menos expressiva”, o consumo de gás a partir das redes de distribuição “também contribuiu para esta redução (menos 7,4%)”.
No final do primeiro trimestre, o índice de hidraulicidade situou-se em 0,95 (0,30 no primeiro trimestre de 2022) e o índice de produtibilidade eólica em 0,93, enquanto o índice de produtibilidade solar foi de 1,14.
No total, até março a produção de energia renovável abasteceu cerca de 73% do consumo nacional.
No que se refere ao consumo de gás no segmento industrial (em alta pressão), foi de 2,2 TWh no primeiro trimestre deste ano, o que corresponde a um aumento de 9,9% face ao período homólogo de 2022.
Conforme destaca a ERSE, “este período está marcado pelo facto dos atuais preços do gás estarem cerca de um terço abaixo dos preços observados durante o outono de 2022 e bastante distantes do máximo histórico de 330 euros/MWh [megawatts/hora] registado em agosto de 2022”.
No que diz respeito ao consumo de gás para produção de energia elétrica, “apenas desceu cerca de 1% face à média dos cinco anos anteriores”, sendo de notar que, “neste período, teve lugar o descomissionamento das centrais a carvão de Sines e Pego, em 2021, que conduziu a uma substituição parcial desses consumos por gás natural”.
De acordo com a ERSE, “o terminal de GNL [gás natural liquefeito] de Sines foi a principal infraestrutura de entrada de gás natural nos SNG [Sistema Nacional de Gás]”, tendo representado até março cerca de 11,4 TWh e 87% do gás natural importado e injetado na Rede Nacional de Distribuição de Gás (RNTG).
“O Terminal de GNL de Sines realizou 11 operações de descarga de navios metaneiros”, precisa, referindo que a receção de GNL foi de 10,4 TWh.
O gás recebido naquele terminal de GNL teve diferentes origens, com destaque para os EUA (seis navios metaneiros), a Nigéria (quatro) e a Rússia (um).
No primeiro trimestre de 2023, a taxa de utilização da capacidade de regaseificação de GNL em Portugal situou-se em 63% (oitava maior da Europa), sendo que, “em termos homólogos, este valor foi de 92%” e, “em 8% dos dias, a regaseificação atingiu mais de 90% da capacidade disponível”.
Além da regaseificação para a RNTG, o Terminal de GNL oferece outros serviços, como o carregamento de cisternas, tendo no primeiro trimestre sido abastecidas 1.652 cisternas de GNL, correspondentes a 489 GWh (gigawatts/hora).
No mesmo boletim, e no que se refere ao armazenamento subterrâneo de gás, a ERSE adianta que o ‘stock’ de gás armazenado em Portugal, em cavernas situadas na região de Leiria, ascendia em 31 de março a 106% da capacidade comercial firme disponível, “o que equivale 25 dias de consumo médio nacional”.
No final de 2022, o Governo português anunciou a criação de reservas estratégicas adicionais de gás, incluindo a construção de duas novas cavernas de armazenamento de gás. O projeto está descrito no Plano Decenal Indicativo de Desenvolvimento e Investimento da RNTIAT para o período 2024-2033 (PDIRG 2023), atualmente em discussão pública.
Já a nível europeu, o valor do gás armazenado em cavernas atingiu 56% em 31 de março de 2023, notando a ERSE que “este período do ano corresponde, tipicamente, aos mínimos dos armazenamentos europeus, após o fim da estação fria”.
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