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As famílias portuguesas continuam a cortar nas compras no supermercado, em especial na alimentação, quer para si quer para os seus animais de estimação. Dados do estudo da Kantar para a Centromarca mostram uma redução 4,4% na quantidade comprada, apesar do crescimento em valor de 8,1%. Na alimentação e nos frescos a descida, em quantidade, é de 7,3% e 7,7%, respetivamente, e chega aos 8,2% na comida para os animais. Isto apesar de três em cada quatro portugueses admitirem “comparar mais os preços e escolher as marcas mais económicas”.
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O estudo, que resulta da análise aos dados de compra de quatro mil famílias que fazem parte do Painel de Lares da Kantar, representativos de Portugal continental e dispersos por mais de mil pontos de sondagem, refere-se às compras realizadas entre 2 de janeiro e 8 de outubro de 2023, período em que os consumidores incluíram produtos em promoção em mais de metade – em 51,3%, para se ser mais exato – das vezes em que foram às compras. Deste universo, 77%, os tais 3 em cada 4, afirmaram ainda procurar escolher as marcas mais económicas. O desconto médio rondou os 30%.
Não admira, por isso, que as marcas de distribuição (MDD), vulgarmente conhecidas como “marcas brancas”, “continuem a ganhar relevância” nos lares portugueses, com um crescimento de sete pontos percentuais na sua quota de valor, entre 2020 e 2023, passando de 38% para os atuais 45%. Um período em que a frequência de compra deste tipo de produtos, mais baratos do que as marcas de fabricante, aumentou em 4,4% e em que o valor gasto pelos consumidores nas MDD aumentou 19,4%.
Indica ainda o estudo que, em 2023, os portugueses “continuaram a aumentar a frequência com que vão às compras e a diminuir o volume comprado de cada vez”, embora garanta que ambas as tendências abrandaram em relação ao ano passado. “Entre julho e setembro de 2023, os consumidores chegaram até a reduzir o número de vezes com que foram às compras, em comparação com 2022”, diz a Centromarca.
“Veremos se este dado se torna numa tendência para o final de ano e início de 2024”, refere Marta Santos, diretora de clientes e dados da Kantar Portugal, e para quem a reversão do IVA Zero, a partir de 1 de janeiro, “pode contrariar o aumento do tamanho da cesta nos produtos fora do cabaz abrangido pela medida, que se vinha observando nos últimos meses”.
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Já Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca, assume um “relativo otimismo” para 2024. “A progressiva contração da inflação e a expectável atualização salarial podem permitir uma ligeira recuperação do poder de compra por parte de muitas famílias, que foram fortemente massacradas nestes dois últimos anos. No entanto, é necessário contar com o impacto desfavorável da reversão do IVA zero no início de janeiro”, diz. Os dados atuais mostram que quatro em cada 10 artigos comprados são de produtos abrangidos pelo IVA zero, sendo as famílias mais idosas e de classe baixa e média baixa os principais afetados pelo fim da medida.
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