Frequentar o ensino superior pode ser um rombo no orçamento. Não só em propinas e livros como também na alimentação e possibilidade de alojamento, os gastos tendem a ser elevados. Um estudo do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, que fez um levantamento do perfil dos estudantes entre 2015 e 2016, conclui que os gastos ascendem a 6445 euros por ano. Com a subida dos preços das casas nos últimos anos, é expectável que a despesa seja agora ainda maior.
Pedir um crédito específico para financiar os estudos pode ser a solução. Não a ideal, mas a possível. O crédito formação é uma modalidade de crédito pessoal especialmente direcionada a gastos educativos. Tudo o que sejam despesas com matrículas, propinas, material educativo, aluguer de casa fora da zona de residência estão abrangidas. Mas não só. Estes créditos podem ainda ser aplicados em projetos de empreendedorismo, viagens, estadas no estrangeiro, entre outras situações, desde que relacionadas com a formação.
Apesar de ser uma modalidade do crédito pessoal, tem algumas diferenças. A principal prende-se com a taxa de juro. Nos créditos destinados à formação, as TAEG são mais baixas. Dependendo das condições, existem ainda alguns que disponibilizam períodos de carência, ou seja, a opção de pagar prestações mensais mais reduzidas durante um certo tempo. Alguns produtos permitem também a opção de só se começar a pagar o empréstimo no final do curso.
Geralmente, estes créditos apresentam prazos de pagamento flexíveis, podendo ser amortizados num período de até 10 anos e os montantes variam entre os mil e os 75 mil euros, conforme as instituições financeiras.
José Figueiredo, diretor-geral do Compara Já, explica ao Dinheiro Vivo que “é preciso ter-se em consideração que, caso se opte pelo período de carência, o custo final do crédito ficará mais elevado dado que o consumidor terá de suportar o pagamento de juros por um período mais alargado”. O alerta também é dado pela Deco. “Se o crédito é para formação, há sempre a perspetiva de que a situação financeira se vá alterar e o rendimento vá sofrer alterações. Mas aquilo que se passa é que, na maior parte das vezes, as pessoas depois acabam por não ter rendimento que lhes permita pagar o valor da prestação”, explica Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco.
A Compara Já analisou em exclusivo as ofertas existentes no mercado para a seguinte situação: um pedido de empréstimo de 15 mil euros com um prazo de cinco anos para um mestrado no valor de sete mil euros.
No mercado português foram analisadas oito instituições que oferecem produtos específicos relacionados com o crédito formação – Banco Montepio, Santander Totta, Crédito Agrícola, Banco BPI, Caixa Geral de Depósitos, Cofidis, Millenium bcp e Novo Banco. O Banco Montepio, com o produto Montepio – Crédito Formação, destaca-se no que toca à mensalidade, 277 euros, e TAEG, 4,2%. Este produto isenta o cliente da comissão de processamento de prestação.
“Mesmo sendo um produto bastante específico e ainda pouco divulgado no nosso país, há uma oferta variada no mercado”, afirma o responsável do portal independente de comparação, salientando que “é sempre importante procurar se existem outras opções disponíveis, desde bolsas concedidas pelo Estado ou por instituições privadas, assim como eventuais linhas de crédito públicas que possam vir a ser novamente disponibilizadas”.
Uma boa ideia, de acordo com a Deco, é ter boas notas. O Santander, por exemplo, prevê uma redução de 0,5% no spread aplicado ao crédito se o estudante tiver uma média igual ou superior a 14 valores no ano letivo anterior ou domiciliar o vencimento. Também no Novo Banco pode haver uma bonificação, mas depende não só das notas como da existência de protocolos com a instituição de ensino e do envolvimento com o banco.
Na hora de escolher este tipo de crédito, é essencial comparar as TAEG, analisar as condições, nomeadamente no que toca a garantias e períodos de carência, e claro, o mais difícil, ter uma perspetiva de qual será a situação financeira no futuro.
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