O futebol profissional português contribuiu com 550 milhões de euros para o Produto Interno Bruto (PIB) na temporada de 2020/21, mais 11,3% face à época anterior, segundo o Anuário do Futebol divulgado pela consultora Ernst & Young (EY).
“A indústria do futebol mostrou a sua resistência e, mesmo numa época completamente marcada pela pandemia de covid-19, com os estádios vazios e com muitas receitas perdidas, conseguiu atingir os melhores resultados de sempre, aumentando o seu contributo para a geração de riqueza e criação de emprego do país”, destacou à Lusa Miguel Farinha, ‘partner’ da EY.
Durante esse período, a Liga Portugal e as 34 sociedades desportivas representadas neste estudo pagaram mais 2,5% de impostos ao Estado, em termos homólogos, num total de 192 milhões de euros, com o volume de negócios global a ascender a 792 milhões de euros.
Este desempenho foi possível porque, apesar do contexto pandémico, que levou a uma redução substancial nas receitas de bilhética, o setor conseguiu compensar com outras fontes de rendimentos, resultando num aumento da receita total, sobretudo, graças ao aumento de 47 milhões de euros dos rendimentos de direitos televisivos, e do acréscimo de 11 milhões de euros decorrente da presença e desempenho nas competições europeias, nomeadamente a presença do FC Porto nos quartos de final da Liga dos Campeões da UEFA.
De acordo com os dados do Anuário, elaborado em parceria com a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), na última temporada o futebol profissional atingiu ainda uma empregabilidade recorde com 3.729 postos de trabalho, uma subida de 4,2% em relação à época 2019/2020.
“Este anuário que aqui se apresenta mostra, com a frieza dos números, o poderio desta indústria, mesmo em época tão atípica e limitativa de receitas. As privações mostraram o tanto de que somos capazes, o exemplo que conseguimos ser e como as adversidades podem transformar-se em oportunidades”, assinalou em comunicado Pedro Proença, presidente da Liga de clubes.
Com receitas de 16,9 milhões de euros, a Liga fechou a época passada com lucros de 777 mil euros, tendo libertado 6,2 milhões de euros para distribuir pelas sociedades desportivas.
“Os tempos são de mudança. De viragem. De aposta. O público está de volta aos estádios. A indústria voltou a carburar e não há que ter receio. O crescimento económico deve ser objetivo comum e motivo mais que suficiente para selar novas sinergias e parcerias. O futebol profissional é nisso pródigo”, salientou Pedro Proença.
Já Miguel Farinha admitiu à Lusa que as expectativas da EY para a presente temporada (2021/22) são animadoras, ainda que ressalvando que a componente da venda dos direitos dos atletas, que tem um peso de 37% nas receitas totais dos clubes, seja volátil.
“É natural que haja um novo aumento do contributo desta indústria para o PIB, são essas as nossas expectativas, até porque esta temporada houve três clubes portugueses com participação na ‘Champions'”, assinalou.
Mais para a frente, o responsável apontou para a importância da futura centralização da negociação dos direitos televisivos, que valem 25% das receitas, para o reforço da tendência de subida do contributo do setor.
“Na última época atingiu-se, no que toca aos direitos televisivos, o ponto mais alto de sempre, na ordem dos 200 milhões, e os estudos dizem que, com a centralização dos direitos este valor vai crescer, pelo menos, cerca de 50%, para 300 milhões de euros”, avançou Miguel Farinha.
O “objetivo último” desta medida é “aumentar a competitividade do futebol português”, vincou, sublinhando que “será muito mais fácil vender os direitos televisivos em bloco no mercado internacional”.
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