//Corrupção. Portugal só completou três de 15 recomendações do Conselho da Europa

Corrupção. Portugal só completou três de 15 recomendações do Conselho da Europa

Portugal aplicou totalmente apenas três das 15 recomendações do Grupo de Estados contra a Corrupção (GRECO), tendo sete delas sido parcialmente aplicadas e cinco ficado por aplicar, indica o relatório anual daquele órgão do Conselho da Europa, nesta quinta-feira.

Segundo o relatório, referente a 2021, das cinco recomendações anticorrupção destinadas aos deputados dos Estados-membros do GRECO, Portugal não concretizou nenhuma na totalidade, tendo, em contrapartida, três sido parcialmente concretizadas e duas ficado por concretizar.

Quanto às seis recomendações dirigidas aos juízes, Portugal tem apenas uma aplicada na totalidade, três foram parcialmente aplicadas e duas recomendações não foram implementadas.

Melhor situação verifica-se em relação aos procuradores do Ministério Público, uma vez que das quatro recomendações emitidas pelo GRECO duas foram totalmente aplicadas, tendo uma sido parcialmente aplicada e uma outra ficado por concretizar.

A título de exemplo, Espanha apresenta seis recomendações do GRECO totalmente implementadas de um total de 11, havendo quatro parcialmente implementadas e apenas uma não implementada relativamente aos juízes.

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Erradicar a corrupção “onde quer que apareça”

Em termos globais e relativamente ao conjunto dos 46 Estados-membros do GRECO, a situação em 2021 indica que 44,9% das recomendações foram totalmente aplicadas, 36,85% parcialmente aplicadas e 18,16% estão ainda por aplicar. A maior percentagem de medidas totalmente concretizadas diz respeito aos procuradores (53,64%), seguidos dos juízes (46,97%) e dos deputados (35,85%).

O GRECO, órgão de monitorização do Conselho da Europa criado em 1999 e com sede em Estrasburgo, França, tem vindo a emitir recomendações relacionadas com política anticorrupção e integridade, transparência e supervisão das atividades governativas, conflitos de interesse, proibição ou restrição de certas atividades, declaração de ativos e rendimentos e mecanismos de responsabilização e execução de medidas.

O relatório sublinha que durante o primeiro semestre de 2021 os constrangimentos resultantes da pandemia de Covid-19 “ainda afetaram a capacidade do GRECO para realizar visitas de avaliação” aos diversos países, tendo o GRECO retomado as suas visitas de avaliação ‘in loco’ a partir de junho e conseguido realizar sete visitas em 2021, incluindo a primeira visita ao Cazaquistão, que é o mais recente Estado-membro.

Segundo o GRECO, as recomendações são importantes para erradicar a corrupção “onde quer que ela apareça”, bem como para alcançar melhorias específicas e concretas nessa matéria.

Corrupção. Juízes pedem correção rápida de normas “com potencial destrutivo enorme”

O relatório do GRECO divulgado nesta quinta-feira congratula-se com a prioridade atribuída pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) ao “aumento da consciencialização e da pressão sobre questões de corrupção” relacionada com a “transparência e regulamentação de doações a partidos políticos e campanhas eleitorais de doadores estrangeiros“.

A este propósito, aponta a necessidade de concretização da recomendação “Sobre Regras Comuns Contra a Corrupção no Financiamento de Partidos Políticos e Campanhas Eleitorais”, a qual indica os princípios fundamentais para financiamento e despesas políticas, bem como disposições sobre transparência e supervisão nesta área.

O GRECO identifica ainda riscos específicos ligados aos procedimentos de contratação pública em larga escala, realizados quando as instituições públicas estão sob pressão para entregar obras e empreitadas rapidamente.

Alerta também para o risco de suborno em serviços médicos, ou de corrupção na pesquisa de novos produtos e desenvolvimento, chamando também a atenção para o problema dos contratos governamentais facilitados pelo “lobbying” político.

O GRECO lembra que a corrupção torna as sociedades “menos justas e menos igualitárias” e reitera o seu compromisso em trabalhar para “garantir os mais altos padrões de integridade” nos seus Estados-membros.

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