Aquilo que todos já davam como certo deu ontem um passo no sentido da concretização. Reunido com o ainda governador, Carlos Costa, em São Bento e ainda antes até de conversar com os partidos sobre a sucessão no banco central, ontem à noite o primeiro-ministro admitiu finalmente que “Mário Centeno é uma hipótese” para o Banco de Portugal, propondo o seu ex-ministro das Finanças para assumir o cargo.
O mandato de Carlos Costa termina oficialmente a meio de julho, quando faz dez anos no lugar, e o primeiro-ministro já terá indicado que fará por apressar procedimentos mas eventualmente terá de contar com o atual governador alguns dias para além do prazo. E o próprio Mário Centeno só termina o mandato à frente do Eurogrupo nessa altura.
Os próximos passos incluem a marcação de reuniões de António Costa com os partidos sobre a escolha do sucessor e a pronúncia do Parlamento num parecer não vinculativo. Nenhum desses passos tem ainda data marcada e as férias parlamentares, que arrancam na segunda quinzena de julho, podem dificultar prazos.
Recorde-se que a designação do governador é feita por resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do ministro das Finanças e após audição do Parlamento. Mas se o nome Centeno será natural para quem lhe sucede na pasta (João Leão já disse que Centeno seria “uma excelente hipótese”) e para o governo que tentou retê-lo até às últimas, a oposição que parece existir entre os deputados – com a tentativa de travar esta transferência direta das Finanças para o Banco de Portugal – prende-se mais com a forma do que com a pessoa. E não poderá evitar o que parece já estar decidido.
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Depois de o projeto de lei para impor um período de nojo entre pastas ter sido aprovado na generalidade, é garantida discórdia suficiente na especialidade para não passar, com o BE a inclinar-se para viabilizar a nomeação de Centeno para o BdP.
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