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O ministro da Economia, António Costa Silva, afirmou esta quarta-feira não se sentir “nem sozinho, nem acompanhado” no Governo, garantindo não ter “medo nenhum” de exprimir os seus “pensamentos” para que as empresas recebam o “auxílio necessário” na “altura própria”.
“Eu não tenho medo nenhum, nem de pensar, nem de exprimir os meus pensamentos nas alturas em que acho que devo exprimir. E portanto fi-lo, vamos aguardar quais vão ser os desenvolvimentos”, disse Costa Silva numa audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação da Assembleia da República, a propósito do facto de se sentir ou não “abandonado” pelo Governo, nomeadamente na mais recente posição que tomou em defesa de uma redução transversal do IRC às empresas.
“Eu não me sinto nem sozinho, nem acompanhado. Muitas vezes na vida tive muitas batalhas difíceis em que estive sozinho e também já estou habituado a ter razão antes do tempo, que é uma coisa que às vezes é muito difícil de sustentar”, sustentou o ministro.
Salientando que, “independentemente dos partidos e dos governos que se alternam, a questão do país é a questão vital”, Costa Silva defendeu que é preciso “fazer tudo, mas mesmo tudo, para auxiliar, sobretudo, as empresas”.
“Porque aquilo que não fizermos nos próximos anos vai ser pago e pago de uma forma muito difícil”, avisou.
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Afirmando-se “perfeitamente tranquilo e sereno” nesta matéria, o titular da pasta da Economia e do Mar enfatizou: “Luto com as armas que tenho, de acordo com as ideias que tenho, em consonância com o programa do Governo e em articulação com o senhor primeiro-ministro. É isso que me move”.
Convicto de que “o Governo e o primeiro-ministro estão alinhados com isso e estão a buscar as várias soluções” disponíveis, Costa Silva assegurou que fará o seu “papel”: “Porque eu conheço muito bem quais são as dificuldades das empresas que, na altura própria, não recebem o auxílio necessário. Custa-me muito ver empresas que podem claudicar se não fizermos tudo que está ao nosso alcance, agora, para auxiliar aquilo que pode acontecer e evitar uma tempestade maior no futuro”, sublinhou.
Recordando que passou “todas a vida a trabalhar em empresas”, tendo por isso “muita sensibilidade” nesta matéria e pondo-se “sempre na pele dos empresários e das pessoas que estão à frente das empresas, sobretudo nas situações de crise”, o governante notou que a economia teve este ano “um desempenho bom” e vai “crescer cerca de 6,5%” (impulsionada pelo efeito base de um 2021 “medíocre”), mas alertou que o pior está para vir.
“O que me preocupa não é 2022, é 2023 e o que está para a frente, face aos sintomas que vemos na economia europeia. E eu sou uma pessoa que está sempre a tentar pensar no futuro e em como é que vamos responder”, referiu.
Na semana passada, o ministro da Economia considerou que seria benéfica uma descida transversal do IRC (imposto que incide sobre o lucro das empresas), sendo que a redução de cada ponto percentual da taxa tem um impacto na receita de cerca de 100 milhões de euros.
Contudo, o ministro das Finanças, Fernando Medina, veio depois remeter eventuais alterações fiscais relativas às empresas, nomeadamente ao nível do IRC, para as negociações com os parceiros sociais, revelando que vai “reservar” para o final da negociação a sua posição “sobre o assunto”.
Entretanto, dois dos secretários de Estado de Costa Silva – João Neves, secretário de Estado da Economia, e Rita Marques, secretário de Estado do Turismo -, manifestaram também posições contrárias à do ministro.
“Dizer que vamos agir em IRC para resolver um problema de curtíssimo prazo é um erro”, afirmou João Neves, enquanto Rita Marques lembrou que o primeiro-ministro tem “a primeira e a última” palavra no que diz respeito à redução do IRC transversal a todas as empresas.
Esta questão levou o líder do PSD, Luís Montenegro, a prestar “solidariedade” para com o ministro da Economia, considerando que Costa Silva está a ser “triturado pela máquina socialista” e que foi “desautorizado em público” pelo ministro das Finanças, por “dois secretários de Estado, incluindo o da própria Economia”, João Neves, e pelo líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias.
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