António Costa Silva, autor do Plano de Recuperação Económica e Social encomendado pelo Governo, consultou especialistas e mudou de posição sobre a necessidade de Portugal mudar o transporte ferroviário de bitola ibérica para europeia.
Em declarações à Renascença, Costa Silva explica que a questão da bitola não será, afinal, grande obstáculo, uma vez que a questão pode ser contornada com a tecnologia.
“Da investigação que fiz e da discussão com especialistas que acompanham o desenvolvimento deste setor, o que me foi transmitido é que existem soluções tecnológicas para lidar com esse problema, avançou-se muito a esse nível e, portanto, não é um grande obstáculo em termos de futuro”, sublinha o gestor.
Questionado sobre a manutenção da atual bitola ibérica, Costa Silva responde que não faz previsões, apenas recomendo “que se faça uma rede ferroviária elétrica moderna, depois os detalhes…”.
“A tecnologia evoluiu muito, há respostas a isso e não é um obstáculo. Depois, no desenho, os detalhes têm de ser determinados, mas não sou eu que vou recomendar detalhes, porque não sou especialista nesta área”, sublinha.
Do plano de reflexão estratégica desenhado a convite do Governo não consta a expressão “bitola”, muito menos “bitola europeia”, o que tem merecido críticas de alguns economistas a sugerir que Portugal se poderá transformar numa espécie de ilha ferroviária e alertarem para uma alegada falta de competitividade do sistema atual.
A questão é desvalorizada António Costa Silva e pelo antigo presidente da CP e da REFER Francisco Reis.
Ouvido pela Renascença, o atual presidente da Região Europa de Caminhos de Ferro diz que António Costa Silva tem razão: a questão da bitola é “indiferente”.
“Para passageiros não há a mínima limitação, a não ser a utilização de comboios que permitem andar nas duas bitolas. Para mercadorias, há sistemas em estudo que eu penso que, em breve, serão uma solução consolidada. Hoje em dia, é uma questão de, nas fronteiras, através de um processo físico de alteração da bitola, que demora três horas, fazer a adaptação. Não há qualquer problema de incompatibilidade. Nunca existiu a ilha ferroviária por causa da bitola”, sublinha Francisco Reis.
António Costa Silva apresentou, na terça-feira, a “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030”, onde defende a aposta na alta velocidade, a construção de um grande aeroporto em Lisboa e acredita no “equilíbrio virtuoso entre o Estado e os mercados”. “Chamam-me sempre ambicioso e vou sê-lo uma vez mais”, sublinhou.
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