O primeiro-ministro anunciou hoje que a proposta de lei que o Governo irá apresentar para a tributação de lucros inesperados também irá incluir o setor da distribuição, após o PCP ter acusado o executivo de favorecer os grupos económicos.
No debate da generalidade do Orçamento do Estado para 2023, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que, na sua proposta orçamental, o Governo “fez uma clara opção pelos interesses dos grupos económicos”.
“Perante a escalada inflacionista e o aumento especulativo dos preços pelos grupos económicos, seja em bens alimentares, seja nos combustíveis, seja na eletricidade, seja no gás, o Governo continua a recusar controlar os preços e as margens, permitindo a esses grupos económicos que continuem a acumular lucros chorudos à custa do empobrecimento do povo”, acusou.
Jerónimo de Sousa afirmou que “os preços sobem, e sobem muito, atingindo os trabalhadores, reformados e as populações”, enquanto, ao mesmo tempo, “sobem, e sobem bem, muitos dos lucros dos grupos económicos e multinacionais”.
“Afinal, alguém ganha com isto. Alguém está a enganar alguém. Não se venha com a retórica de que não há dinheiro para salários: há. Está é mal distribuído”, afirmou.
Dirigindo-se a António Costa, o secretário-geral do PCP perguntou assim se o Governo “vai continuar a comprometer o futuro e a permitir que sejam os trabalhadores e o povo a pagar a especulação” e a “gula dos lucros dos grupos económicos”, ou vai ter “coragem e audácia política para os confrontar e fazer uma valorização das condições de vida do povo”.
Na resposta, o primeiro-ministro salientou que, “mal termine este debate orçamental”, espera que a Assembleia da República “tenha disponibilidade para discutir a proposta de lei” do Governo para tributar os lucros inesperados das empresas.
“É para aplicar aos lucros de 2022, e não aos lucros de 2023, a proposta de lei que vamos apresentar para a tributação de lucros não esperados do conjunto das empresas, que não são só do setor energético, mas são também o setor da distribuição que devem pagar aqueles lucros que estão a ter injustificadamente por via desta crise de inflação”, sublinhou.
Costa disse ainda esperar que a proposta de lei do Governo possa “contar com o voto do PCP”.
Contactada pela Renascença, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) recusou comentar.
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