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Há 12 anos que os bancos não emprestavam tanto dinheiro para a compra de casa. O último mês de dezembro foi o melhor desde 2008, quando estalou a crise financeira global a partir dos Estados Unidos. A banca emprestou em dezembro 1,2 mil milhões de euros, mais 90 milhões de euros do que o valor concedido no mês anterior e do que o montante emprestado em dezembro de 2019.
No conjunto de 2020, em plena crise, as famílias endividaram-se em mais 11,4 mil milhões de euros para a compra de casa, um novo máximo da década, segundo os dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal. Trata-se de um aumento de 7,4% em relação a 2019. Por dia, no ano passado, os bancos emprestaram 31,2 milhões de euros para a aquisição de habitação.
As baixas taxas de juro foram um incentivo. A taxa de juro média nas novas operações de empréstimos a particulares para habitação desceu em dezembro 30 pontos-base relativamente ao período homólogo, para 0,80%, fixando um um novo mínimo histórico, pelo quinto mês consecutivo.
“O mês de dezembro é quando os bancos tentam atingir alguns objetivos e podem estar mais predispostos a conceder crédito. Também é neste mês que fecham processos pendentes”, disse Nuno Rico, economista da Deco. “As taxas de juro estão em mínimos e há aqui o efeito das famílias que não perderam rendimentos e aproveitam algumas oportunidades no mercado”, adiantou. Para este economista, a primeira metade de 2021 ainda deverá ser forte no crédito à habitação. “No primeiro semestre é possível que ainda se mantenha esta tendência. Assim que acabarem as moratórias poderá ser diferente”, afirmou.
A maioria das moratórias terminam no final de setembro deste ano e ainda poderá ser estudada uma solução para a criação de um período de transição que ajude famílias e empresas que não consigam retomar o pagamento integral das prestações dos respetivos créditos.
No global, as famílias endividaram-se em mais 17,9 mil milhões de euros em 2020.
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No crédito ao consumo, os bancos emprestaram 4,3 mil milhões de euros no ano passado, abaixo dos 5,3 mil milhões no ano anterior. No crédito para outros fins, foram concedidos 2,2 mil milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, o que compara com 2,3 mil milhões de euros em 2019. “Por um lado, há uma redução do consumo em geral, sobretudo no que toca a grandes aquisições, como é o caso de automóveis, por exemplo”, frisou Nuno Rico. “Por outro lado, há também uma maior prudência por parte das famílias, além de que há as famílias que perderam rendimentos devido à crise provocada pelos confinamentos”, salientou o economista.
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