O crédito aos consumidores bateu recordes na primeira metade do ano. Foram concedidos quase 3,7 mil milhões de euros em empréstimos pessoais, mais de 20 milhões por dia, para a compra de carro e para cartões de crédito e descobertos bancários, segundo dados divulgados pelo Banco de Portugal. As instituições financeiras concederam mais 557 milhões para o consumo que no mesmo período do ano passado. Em cinco anos o ritmo do crédito aos consumidores mais que duplicou.
O supervisor tem alertado nos últimos tempos que “os empréstimos para consumo e outros fins continuam a aumentar a um ritmo elevado “. E avisou no último Relatório de Estabilidade Financeira, por exemplo, que “esta dinâmica de recuperação do crédito a particulares ocorre num quadro de ainda elevado endividamento no contexto europeu. Assim, a capacidade de serviço da dívida pelos particulares permanece especialmente sensível a choques adversos sobre o rendimento e à variação das taxas de juro de mercado”.
A explicação para a subida da procura por este tipo de crédito está relacionada com “a confiança dos consumidores, a despesa em bens duradouros e o nível geral baixo das taxas de juro. Continuam a dar um contributo positivo para a procura líquida de crédito ao consumo e outros empréstimos às famílias”, concluiu o supervisor com base nos inquéritos feitos aos bancos que atuam em Portugal.
E não é apenas a procura por crédito ao consumo a aumentar. Do lado da oferta, também os bancos e outras instituições financeiras especializadas neste segmento têm demonstrado mais apetite por emprestar. Até porque é um segmento com juros mais altos o que dá maior margem financeira à banca. “O crescimento do crédito ao consumo poderá, em parte, refletir a maior concorrência no segmento do mercado de crédito a particulares em que as taxas de juro são mais elevadas”, diz o Banco de Portugal. Além disso, o supervisor nota que têm entrado novas entidades no mercado português de crédito ao consumo.
A subida no crédito ao consumo, e também a maior facilidade na concessão de empréstimos á habitação, levaram o Banco de Portugal a recomendar os bancos a seguirem regras mais apertadas na hora de financiar os particulares. Essas limitações que incidem sobre os prazos e a taxa de esforço, por exemplo, apenas entraram em vigor no mês de julho.
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