A Caixa Geral de Depósitos financiou devedores de que outros bancos se quiseram livrar. A começar por José Berardo. O empresário revelou que em 2006 foi reencaminhado do BCP para o banco público para obter créditos. E, mais tarde, a Caixa acabaria por absorver parte da dívida da quase falida Abrantina ao BCP, segundo Joaquim Barroca, administrador do grupo Lena.
Em 2006, devido a regras que limitavam os empréstimos de bancos para a compra das suas próprias ações, o BCP reencaminha Berardo para a CGD, segundo o empresário. A indicação foi dada por Filipe Pinhal, que na altura era administrador do banco privado responsável pela banca de retalho. Seria promovido a presidente executivo em 2007 e poderá agora vir a ser ouvido na comissão à gestão na CGD.
Não foi a única vez. Segundo documentos citados pelo deputado do CDS, João Almeida, na comissão de inquérito, o BCP viria a pedir em 2009 que a CGD desse um novo crédito a Berardo para que este regularizasse uma dívida junto do Santander. Nessa data, o BCP era liderado por Carlos Santos Ferreira. O gestor saiu diretamente do banco público para o BCP no início de 2008, depois de o banco público, sob a sua gestão, ter dado crédito a Berardo, Fino e a outros investidores para a compra de ações do próprio BCP. Isso numa altura em que houve uma guerra de poder no maior banco privado, de que Santos Ferreira e Armando Vara sairiam vencedores.
Além de Berardo, também Joaquim Barroca, do grupo Lena, disse no Parlamento que aquando da compra da Abrantina em 2007, parte da dívida dessa empresa que estava noutros bancos passou para a Caixa por decisão do banco público na negociação com outros bancos credores.
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