A economia portuguesa manteve um ritmo de expansão de 1,8% no segundo trimestre face a igual período do ano passado, confirmou o Instituto Nacional de Estatística (INE), esta sexta-feira, reiterando assim o valor da estimativa rápida de há 15 dias.
O ritmo do investimento travou de 14% no arranque do ano para 6,1% no período abril-junho, o que condicionou bastante a expansão do produto interno bruto (PIB), refere o INE. Além disso, as famílias também compraram menos carros, o que limitou bastante a expansão do consumo privado.
A economia manteve assim a mesma taxa de crescimento registada nos primeiros três meses deste ano mas, em todo o caso, este aumento de 1,8% agora anunciado faz deste trimestre (abril-junho) o segundo mais fraco desde 2016.
Segundo o INE, “o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB diminuiu para 2,4 pontos percentuais (p.p.) (4,1 p.p. no trimestre anterior)”, sendo que “esta evolução refletiu principalmente a desaceleração do investimento, que registou uma taxa de variação homóloga de 6,1% (14% no 1º trimestre).
“Esta desaceleração resultou da evolução das componentes da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em Outras Máquinas e Equipamentos e em Construção, bem como do contributo ligeiramente negativo da variação de existências, que tinha sido positivo no trimestre anterior”, explica o instituto.
O ritmo de expansão do valor investido em máquinas e equipamentos abrandou de 15,3% no 1º trimestre) para apenas 4,4% agora e o investimento no setor da Construção, que esteve a crescer mais de 13% no início do ano, travou para 8,5%. A situação foi compensada pelo investimento em equipamentos de transporte (camiões, embarcações, autocarros, aeronaves, etc.) que aceleraram de 5,1% para 9%.
O consumo privado das famílias residentes também contribuiu para não deixar a economia ir além dos 1,8%. Os gastos familiares abrandaram, passando de um crescimento homólogo de 2,3% no 1º trimestre para 1,9% agora, indica o INE.
Esta moderação no consumo reflete essencialmente a menor compra de carros por parte das famílias. “A componente de bens duradouros passou de um crescimento de 3,1% no 1º trimestre, para uma diminuição de 0,2% no 2º trimestre, particularmente devido ao comportamento da aquisição de veículos automóveis”.
Exportações de serviços quase estagnadas
Tendo em conta ambiente externo internacional cada vez mais volátil e incerto devido à escalada das guerras comerciais e ao forte abrandamento da Alemanha, que está à beira da recessão, as exportações portuguesas parecem estar já a ressentir-se.
As vendas das empresas nacionais ao exterior estavam a crescer 3,7% no início do ano, mas no 2º trimestre não foram além dos 2%.
“Esta desaceleração verificou-se em ambas as componentes, tendo as exportações de bens aumentado 2,4% (3,4% no trimestre precedente)”.
As exportações de serviços, onde estão rubricas como consultorias, turismo e viagens, também denotam problemas de crescimento. Travaram a fundo e agora estão quase estagnadas. Segundo o INE, “passaram de um crescimento de 4,6% no 1º trimestre para 0,8%” nos três meses seguintes. É o pior registo desde o início de 2010, ou seja, em mais de nove anos.
Menos dinamismo comercial significa, no caso de Portugal, também menos importações. A redução da despesa das famílias em carros e a travagem a fundo nos gastos de investimento (máquinas, materiais de construção, etc.) terá ajudado a que as compras ao exterior tenham passado de um crescimento exuberante superior a 8% no 1º trimestre para apenas 3,1% no 2º trimestre, segundo a mesma fonte.
O INE avisa finalmente que esta “divulgação das Contas Nacionais é a última efetuada de acordo com a base 2011”. “Com a próxima divulgação, prevista para 23 de setembro de 2019, terá início a base 2016, o que implicará revisões nas estimativas agora publicadas.”
(atualizado 13h25)
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