
A Academia sueca atribuiu mais uma vez o Nobel a um trio. O galardão de Ciências Económicas de 2025 foi esta segunda-feira concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt.
O trabalho dos três economistas explica como a tecnologia dá origem a novos produtos e métodos de produção que substituem os antigos, dando lugar a um melhor padrão de vida, saúde e qualidade de vida.
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“Nos últimos dois séculos, pela primeira vez na história, o mundo viu um crescimento económico sustentado. Isso tirou um grande número de pessoas da pobreza e lançou as bases da nossa prosperidade”, avança a Real Academia Sueca de Ciências em comunicado.
Os laureados também demonstraram que o progresso não pode ser considerado garantido, enquanto dois dos premiados destacaram que as políticas comerciais do presidente dos EUA, Donald Trump, prejudicariam o crescimento, acrescenta a Academia.
“A estagnação económica, e não o crescimento, tem sido a norma durante a maior parte da história da humanidade. O trabalho deles mostra que devemos estar cientes e neutralizar as ameaças ao crescimento contínuo”, refere o comunicado.
Para a maioria dos economistas o crescimento económico é um motor da prosperidade, mas nem todos o consideram um bem absoluto.
Os laureados de 2024 com o Nobel de Economia pelo trabalho sobre desigualdade, Daron Acemoglu, James Robinson e Simon Johnson, sobretudo este último, destacou como os benefícios da inovação tecnológica podem ser desviados para elites poderosas.
Decorre ainda um forte debate sobre o nível de crescimento que é sustentável, à luz das mudanças climáticas causadas pelo homem e da degradação ambiental.
Aghion alerta Europa sobre risco de ficar para trás
Com todo o desenvolvimento tecnológico em curso e decisões de política económica com impacto internacional, o mundo assiste a um potencial ponto de inflexão na economia global. Muitos esperam que a inteligência artificial promova um novo ciclo de crescimento.
Aos jornalistas, Philippe Aghion destaca os riscos estratégicos para a Europa de ficar ainda mais atrás dos Estados Unidos e da China em tecnologias do futuro, bem como os custos potenciais das barreiras ao comércio global.
O economista volta a defender que a desglobalização e as barreiras tarifárias são “obstáculos ao crescimento”, acrescentando que quanto maior o mercado, maiores as possibilidades de troca de ideias, transferência de tecnologias e competição saudável.
“Qualquer coisa que atrapalhe a abertura é um obstáculo ao crescimento. Portanto, vejo uma espécie de nuvem negra atualmente a acumular-se, pressionando através de barreiras ao comércio e à abertura”, diz.
À Europa, Aghion pede que aprenda com os EUA e a China, a conciliar concorrência e política industrial.
“Na Europa, em nome da política de concorrência, tornámo-nos totalmente contra qualquer forma de política industrial. Temos de evoluir nesse sentido e encontrar maneiras de conciliar a política industrial em áreas como defesa, clima, IA e biotecnologia”, defende.
Howitt questiona aumento do emprego na indústria dos EUA
Howitt mostrou-se surpreendido pela atribuição do Nobel. Questionado pela agência Reuters, o economista disse estar “absolutamente surpreso” com o prémio.
Em linha com o colega, também Howitt critica as políticas comerciais do presidente Trump.
“Está claro que isso vai desencorajar a inovação, reduzindo o que chamamos de efeito escala”, diz. “Iniciar uma guerra tarifária apenas reduz o tamanho do mercado para todos,” conclui.
Diz ainda que tentar trazer de volta os empregos na indústria norte-americana, talvez fizesse algum sentido político, mas não era uma boa política económica.
“Somos bons em projetar ténis de corrida, mas é melhor deixar que outros os fabriquem”, afirma.
O Nobel da Economia, formalmente conhecido como Prémio Sveriges Riksbank em Ciências Económicas em memória de Alfred Nobel, é o último prémio a ser atribuído este ano. São 11 milhões de coroas suecas, cerca de um milhão de euros.
Mokyr, professor da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, recebeu metade do prêmio. Aghion, professor do College de France e do INSEAD em Paris e da London School of Economics and Political Science, e Howitt, professor da Brown University, nos Estados Unidos, dividiram a outra metade.
O prémio de Economia foi o último a ser criado, este Nobel só foi concedido pela primeira vez em 1969, quando os restantes já eram atribuídos desde 1901.
Os primeiros vencedores do Nobel da Economia foram o norueguês Ragnar Frisch e o holandês Jan Tinbergen, pelo trabalho em modelagem económica dinâmica.
Entre os vencedores mais conhecidos estão nomes como o ex-presidente da Reserva Federal dos EUA, Ben Bernanke, Paul Krugman e Milton Friedman.
No ano passado, o prémio de Ciências Económicas foi atribuído a Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson por trabalhos sobre diferença em prosperidade entre nações.
Este é o último dos Nobel a ser anunciado, depois do da Medicina ser conhecido, na última segunda-feira, o da Física ser anunciado na terça-feira, o da Química ser atribuído na quarta-feira, o da Literatura ser indicado na quinta-feira e o da Paz ser entregue na sexta-feira.
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