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Pode haver falta de medicamentos em “farmácias, hospitais e outras unidades de saúde” na sequência da subida em flecha e persistente dos preços da energia se não forem tomadas medidas imediatas de apoio aos transportadores e armazenistas de produtos farmacêuticos, avisa a associação portuguesa do setor.
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As empresas argumentam ainda que prestam um “serviço público essencial” e que durante a pandemia garantiram “o acesso a equipamentos de proteção individual, álcool gel, testes rápidos e o abastecimento de medicamentos e vacinas”.
De acordo com a Associação dos Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA), as empresas deste setor “têm realizado um inequívoco esforço para continuar a assegurar diariamente o fornecimento atempado e adequado de medicamentos e outras tecnologias de saúde em qualquer região do território nacional”.
No entanto, os impactos económico-financeiros que resultam dos aumentos dos preços da energia e, em particular, dos combustíveis, “estão a agravar-se”, estão a esmagar as margens de negócio da maioria das empresas, “uma situação que, a manter-se, traduz-se numa ameaça real ao normal funcionamento do circuito de abastecimento de medicamentos em Portugal”, diz a ADIFA.
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Que é como quem diz, é uma ameaça real à “acessibilidade das populações a produtos de saúde essenciais ao seu bem-estar e recuperação de doença” porque os distribuidores podem não conseguir manter o fluxo normal de colocação de medicamentos nos pontos de venda e de administração devido aos custos considerados insustentáveis.
Pedido de medidas urgentes ao governo
Assim, o setor da distribuição farmacêutica “pede medidas urgentes para minimizar o aumento dos custos dos combustíveis no transporte de medicamentos”.
O pedido de ajuda surge “no seguimento do aumento sucessivo dos preços de energia – gás natural, eletricidade e principalmente dos combustíveis, com uma nova subida muito significativa esta semana”.
Os associados da ADIFA pedem ao governo apoios como “acesso a gasóleo profissional, majoração na dedução dos gastos com combustíveis, reembolso parcial do ISP [Imposto sobre Produtos Petrolíferos], dedutibilidade do IVA no gasóleo e isenção do pagamento do imposto único de circulação das viaturas afetas à atividade da distribuição farmacêutica”.
A estrutura que representa seis empresas especializadas no armazenamento e transporte de medicamentos diz que “desde o início do ano, as empresas de distribuição farmacêutica de serviço completo registaram um aumento de 20% em custos energéticos“.
E que o setor é “extremamente regulado pelo Estado, que fixa administrativamente o preço e a margem destes bens essenciais, limitando a remuneração das empresas de distribuição que se veem forçadas a acomodar os custos crescentes de energia e combustíveis”.
Ou seja, o preço final praticado pelas empresas tem um teto o que, argumenta fonte oficial da associação, está a esmagar a margem dos ganhos.
Assim, as ajudas requeridas ao governo “devem ser aplicadas de forma imediata para que os distribuidores consigam manter o nível de serviço das suas operações de armazenamento e distribuição de medicamentos”.
Graça Freitas vai ver o que se passa
No mesmo dia em que expôs o seu caderno de encargos por causa da grave crise em curso, a ADIFA revelou que, esta quarta-feira, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, vai visitar “as instalações Alliance Healthcare, em Alverca (Lisboa)” a convite da associação. Esta empresa é uma das associadas, justamente.
A plataforma empresarial recorda que “durante a pandemia da covid-19 os distribuidores farmacêuticos foram parte fundamental da resposta, permitindo o acesso a equipamentos de proteção individual, álcool gel, testes rápidos, para além do abastecimento ininterrupto e equitativo de medicamentos e vacinas em todo o território nacional”, o que configura “um serviço público essencial”, refere.
Neste encontro serão apresentadas à DGS “as mais modernas e eficientes soluções de armazenamento de medicamentos e produtos de saúde e outras soluções que garantem a segurança no transporte e abastecimento de produtos farmacêuticos às farmácias, hospitais e outras unidades de saúde“.
A ADIFA tem seis associados: Alliance Healthcare, Botelho & Rodrigues, Cooprofar – Cooperativa dos Proprietários de Farmácia, Empifarma, OCP Portugal e Plural+Udifar.
Segundo a mesma fonte associativa, o setor “assegura várias vezes ao dia o fornecimento atempado e contínuo das farmácias a nível nacional”.
“Realizam mais de seis mil entregas por dia”, tendo “mais de 815 viaturas” no terreno e “27 plataformas logísticas”.
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