“É para atestar, por favor” é hoje uma frase repetida nos postos de abastecimento de combustíveis, com filas de dezenas de carros, sobretudo nas bombas ‘low-cost’, antes da subida dos preços prevista para a próxima semana.
Após o anúncio da subida dos preços do gasóleo e da gasolina na próxima semana, com aumentos superiores a 14 e oito cêntimos por litro, respetivamente, as filas de carros são constantes em dois postos de abastecimento na Amadora, ambos do segmento de baixo custo (‘low-cost’) e ainda com ‘stock’ dos dois tipos de combustível.
Num posto de gasolina na Damaia, naquele concelho do distrito de Lisboa, Fátima Neves espera a sua vez para atestar o depósito e, conforme diz à Lusa, está muito insatisfeita com a subida dos preços.
“É mais uma [subida], não é? Isto não tem a mínima lógica”, lamenta, considerando que os apoios anunciados pelo Governo na sexta-feira, para fazer face aos aumentos, são “falinhas mansas” de políticos que “estão sempre a ir ao bolso” dos portugueses.
Fátima Neves diz não entender que os impostos dos combustíveis aumentem proporcionalmente à subida do preço do barril de Brent, o crude de referência para a Europa, devendo o Governo fixar um valor de imposto e as variações dos preços dos combustíveis ficarem apenas sujeitas às subidas e descidas do Brent.
“Obviamente que a situação é crítica, porque é uma situação de guerra, mas a base é que está profundamente errada, o Governo não tem de caçar impostos à conta de variações que são absolutamente exógenas”, aponta.
Para Fátima Neves, a situação é preocupante, uma vez que, puxados pela subida dos combustíveis, aumentam também os preços de outros bens essenciais e serviços, como os transportes.
Nas mesmas bombas, Filipe Vieira partilha da opinião de que os apoios do Governo “são insuficientes” e que o problema está no peso dos impostos sobre os combustíveis, que representam cerca de 60% do preço final ao consumidor.
“Acho que o Governo devia baixar o imposto sobre os produtos petrolíferos e ter uma taxa de imposto semelhante à existente em Espanha, essa é que seria uma medida eficaz”, diz à Lusa.
Já num posto de abastecimento em Alfragide, também no concelho da Amadora, as filas são ainda maiores, com várias dezenas de carros no ‘para-arranca’ até chegar à sua vez.
Naquele local, Simão Fortuna diz ser “normal” que o preço dos combustíveis suba, tendo em conta o contexto de guerra na Ucrânia e sanções económicas à Rússia, mais ainda “sabendo de onde vem grande parte do petróleo do mundo”.
“No entanto, torna-se difícil de compreender o preço do combustível agora estar ao preço a que está, quando antes o preço do barril já esteve neste que está agora e o preço ao consumidor não era este”, ressalva, considerando que os apoios do executivo nacional “ajudam um pouco” a suportar os aumentos.
A situação piora para quem tem de fazer viagens de longo curso com frequência, como é o caso de Catarina Salgado, uma estudante deslocada da zona de Lisboa.
Ainda assim, a jovem considera que os apoios “são melhor que nada”, mas sublinha que “deve haver políticas económicas para combater este tipo de situações”.
“Por exemplo, normalmente este tipo de imposto é para carros que utilizam gasolina e gasóleo, por medidas ambientais. Se calhar [podiam] baixar os impostos para carros elétricos, por forma a que as pessoas comprem mais carros elétricos do que carros a gasóleo e a gasolina. Acho que seria uma boa medida”, sugere a estudante.
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