Partilhareste artigo
A soma já vai em 677 milhões de euros e o ano de 2020 ainda não acabou. É este o montante que a crise já retirou aos lucros de quatro dos maiores bancos em Portugal – Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp, Banco BPI e Santander Portugal.
O balanço dos nove meses de 2020 reflete o impacto nas contas do setor da banca da crise provocada pelas medidas adotadas pelo governo no âmbito da pandemia do novo coronavírus. Portugal seguiu a estratégia, adotada na maioria dos países, de impor um confinamento forçado à população em março deste ano. O país esteve em estado de emergência entre meados de março e o início de maio. Foi o suficiente para empresas fecharem e o desemprego disparar. Para ajudar as famílias e as empresas a lidar com a crise, o governo e o setor financeiro criaram moratórias no crédito à habitação, ao consumo e ao setor empresarial.
Mas os bancos têm de se precaver e puseram de lado verbas para acomodar potenciais perdas futuras com empréstimos em incumprimento, o que prejudica os lucros. Para já, as moratórias permitem que os bancos não tenham o impacto do aumento do crédito malparado, que é esperado ocorrer quando terminar o prazo das principais moratórias, no final de setembro de 2021.
Subscrever newsletter
O banco com a maior quebra no lucro, em valor, foi a estatal CGD que passou de um resultado líquido de 641 milhões de euros, nos nove meses de 2019, para um de 392 milhões de euros, no mesmo período de 2020. O banco reforçou a almofada que tem de lado para acomodar eventuais perdas com crédito para 220 milhões.
O Banco BPI viu o seu lucro recuar em 168 milhões de euros entre setembro de 2019 e setembro deste ano. As imparidades líquidas para crédito no BPI atingiram os 100 milhões de euros.
No caso do Santander Portugal, os resultados diminuíram em 136 milhões de euros, com o banco a registar imparidades de 146,5 milhões de euros.
Quanto ao Millennium bcp, foi o que menos lucro perdeu em valor. O banco liderado por Miguel Maya passou de um resultado líquido de 270,3 milhões de euros, em setembro de 2019, para um de 146,3 milhões de euros, no final de setembro deste ano. O BCP pôs de lado 550 milhões de euros para eventuais perdas com créditos.
As perspetivas para o resto do ano são de um acentuar desta tendência. O governo declarou que o país vai, de novo, entrar em estado de emergência, antes do previsto, e admite que possa haver recolher obrigatório imposto à população. Também as medidas a aplicar a empresas, restauração e comércio poderão levar a uma redução das vendas. “Terá um impacto económico maior do que era esperado nesta altura”, alertou João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, esta semana. Com o aumento das insolvências e o desemprego a crescer a um ritmo recorde, os bancos terão de reforçar as almofadas para lidar com perdas.
Deixe um comentário