//Crise trava avanço dos bancos digitais

Crise trava avanço dos bancos digitais

Foram a sensação dos últimos anos. Ter um cartão Revolut ou uma conta no N26 começava a ser um novo normal para consumidores portugueses à procura de poupar em comissões e custos com o banco. Mas em 2020 tudo mudou para muitos bancos digitais. “O coronavírus alterou o comportamento dos consumidores em todo o mundo. No caso da Revolut, a redução nas viagens e as medidas de isolamento prolongadas reduziram a receita com taxas de câmbio, na medida em que os clientes passaram a privilegiar transações domésticas de menor valor”, disse um porta-voz da fintech em respostas escritas ao Dinheiro Vivo. “Alguns produtos, como as criptomoedas, apresentaram efeitos positivos a curto prazo”.

A empresa sublinha que, de uma forma geral, registou “comportamentos semelhantes nos clientes portugueses daqueles registados na maioria dos países da Europa – viajaram menos e gastaram menos em restaurantes e entretenimento”. “Mas notamos um aumento no uso dos cartões contactless para compras de supermercado e ainda volumes superiores de gastos em compras online.

Adicionalmente, os utilizadores começam a diversificar as suas carteiras – a utilização de criptomoedas cresceu cinco vezes em Portugal durante os meses de confinamento, por exemplo”, adianta a Revolut.

A fintech já é um gigante no setor. Sediada em Londres, a emprega dois mil funcionários em 23 escritórios, e tem mais de 13 milhões de clientes. Oferece vários serviços, de transferências de dinheiro a negociação de ações e de criptomoedas. Com a chegada da crise provocada pelas medidas dos governos para lidar com a epidemia do novo coronavírus, teve de ajustar os seus planos. “Como muitas empresas, a Revolut procurou reduzir custos, apertando os controlos sobre os custos operacionais e reduzindo os gastos discricionários, como em marketing”, indicou a mesma fonte, que garante, no entanto, que “continuou a aumentar a sua base de clientes e a lançar novos produtos e serviços, incluindo o produto Júnior, as Subscrições, as Recompensas, Ouro e Bens”. Levou ainda a cabo a instalação de operações nos Estados Unidos, assim como no Japão e Austrália.

A fintech não divulgou os dados financeiros e operacionais mais recentes.

Os últimos que reportou são ainda relativos ao ano fiscal de 2019 quando estava em forte crescimento. As receitas aumentaram 180% em termos homólogos, para 162,7 milhões de libras (cerca de 182 milhões de euros) no final do ano. A empresa não revela quando visa alcançar lucros. “Sermos uma empresa lucrativa é muito importante para a Revolut e estamos a trabalhar para atingir esse objetivo. Atualmente, estamos focados em fortalecer as nossas ofertas de retalho e empresarial nos mercados existentes, com o apoio dos reforços de capital que tivemos este ano”, afirmou o porta-voz da empresa.

A perder valor