Lisboa caiu duas posições no ranking do Custo de Vida 2019 da Mercer, mas das 209 cidades analisadas a nível mundial pela consultora, a capital portuguesa aparece em 95º lugar. Hong Kong continua a ser a cidade mais cara do mundo e Tunes, na Tunísia, está no extremo oposto, sendo a mais barata. Luanda cai 20 posições, e é a 26ª mais cara.
“Lisboa cai duas posições, mas tinha subido 44 em 2018”, começa por lembrar Tiago Borges, líder da área de remunerações da Mercer Portugal. “O custo da habitação, sobretudo, fez com que tivesse subido no ranking.” Este ano a capital recua duas posições (de 93 para 95), mas essa é uma descida relativa a outras cidades. “Não quer dizer que Lisboa se tenha tornado mais barata em termos absolutos. Em termos absolutos não houve uma descida”, reforça o responsável da Mercer. Ou seja, num ano não foi o custo de viver em Lisboa que ficou mais barato, mas as outras cidades analisadas que ficaram mais caras.
“Lisboa, isolando as cidades europeias, já está a ficar equiparada a cidades como Berlim (81ª), Madrid (82ª) ou Barcelona (92ª)”, comenta Tiago Borges. “Mesmo em relação a Bruxelas (78ª) a diferença já foi maior”. Conclusão? “Lisboa começa a aproximar-se, sobretudo nos últimos 4, 5 anos, do nível de vida das cidades mais caras.”
Custos com alimentação fora de casa, combustíveis (“um dos mais elevados das cidades analisadas”) e com habitação estão dar gás a este aumento do custo de vida na capital. Comparativamente com a cidade mais cara do ranking, Hong Kong, o preço do arrendamento de um apartamento T3 nas zonas nobres de Lisboa, por exemplo, ronda os 3.150 euros, enquanto que na cidade asiática o valor atinge os 12.910 euros. Em Londres, o custo ronda os 5,728.10 euros.
Zurique: a única cidade europeia no Top 10
Zurique (5ª) é a única cidade europeia no Top 10 das cidades mais caras a nível mundial. “Pode ser um sinal positivo, de que houve uma queda dos custos do nível de vida das populações, mas pode significar um menor fulgor económico para este continente”, considera o líder de remunerações da Mercer.
Há um ano Berna, outra cidade suíça, ocupava o ranking das mais caras na 10ª posição, tendo recuado para a 12º lugar. Genebra também caiu duas posições, para 13º. As cidades da Europa Central e de Leste, tais como Moscovo (27ª), São Petersburgo (75ª), Praga (97ª) e Varsóvia (173ª), caíram dez, 26, 14 e 19 posições, respetivamente.
Um recuo que também se verificou em várias cidades da Europa Ocidental, incluindo Milão (45ª), Paris (47ª), Oslo (61ª) e Madrid (82ª), que caíram, 12, 13, 14, e 18 lugares, respetivamente. A cidade alemã de Estugarda (126ª) teve uma queda significativa, assim como Berlim (81ª) e Düsseldorf (92ª). No Reino Unido, as cidades registaram quedas modestas, entre elas Birmingham (135ª), que caiu sete posições, Belfast (158ª) que recuou seis, e Londres (23ª) que sofreu uma quebra de quatro lugares.
Tiago Borges aponta uma possível justificação para esta tendência de queda na região. “Apesar do aumento moderado de preços em grande parte das cidades europeias, as moedas europeias enfraqueceram face ao dólar, o que levou grande parte das cidades a cair no ranking,” diz. “Outros fatores, como a segurança e a preocupação com o cenário económico, tiveram impacto na região.”
Ásia domina o top das mais caras
Na lista das 10 mais caras, oito são cidades asiáticas. “O que revela a força emergente do bloco asiático”, comenta Tiago Borges.
Hong Kong é a cidade do mundo mais cara para viver para expatriados. Tóquio (2ª), Singapura (3ª) e Seoul (4ª), Shangai (6ª), Ashgabat (7ª), Pequim (8ª), Shenzhen (10ª) são outras das cidades asiáticas que fazem parte do Top 10.
Bombaim (67ª) é a cidade mais cara da Índia, seguida de Nova Deli (118ª) e Chennai (154ª). Bangalore (179ª) e Calcutá (189ª) são as cidades indianas menos caras. Ainda na Ásia, Banguecoque (40ª) subiu 12 posições, já Hanói (112ª) e Jacarta (105ª) saltaram 25 e 12 lugares, respetivamente. Bisqueque (206ª) e Tashkent (208ª) permanecem como as cidades menos caras para expatriados na região.
A desvalorização da moeda australiana face ao dólar americano levou a uma descida das cidades australianas no ranking: Sidney (50ª), a cidade australiana mais cara, caiu 21 posições. Já Melbourne (79ª) e Perth (87ª) recuaram 21 e 26 posições, respetivamente.
Com as cidades asiáticas a dominar o Top 10, apenas Zurique e Nova Iorque fazem parte das posições cimeiras do ranking.
A cidade de Nova Iorque subiu quatro posições, para o 9º lugar. São Francisco (16ª) e Los Angeles (18ª) subiram 12 e 17 posições respetivamente, enquanto Chicago (37ª) subiu 14 lugares, o mesmo número que subiu Washington DC (42ª). Já Miami (44ª) subiu 16 posições, e Boston (49ª) subiu 21 lugares. Uma subida que a Mercer aponta a uma valorização do dólar face a outras moedas. Portland (107ª) e Winston Salem (138ª), na Carolina do Norte, por seu turno, permanecem como as cidades norte-americanas menos caras para expatriados.
Apesar da maior parte das cidades canadianas terem-se mantido estáveis no ranking, a cidade mais bem posicionada do país, Vancouver (112ª), caiu três posições, Toronto (115ª) caiu seis, enquanto Montreal (139ª) subiu oito. Calgary (153ª) e Ottawa (161ª) permaneceram inalteradas.
Na América do Sul, Montevideo (70ª) no Uruguai posiciona-se como a cidade mais cara, seguida de San Juan (72ª), que subiu 22 lugares. Outras cidades da América do Sul que mais subiram são o Panamá (93ª), Costa Rica (131ª) e Cuba (133ª), escalando 21, dez e 22 posições, respetivamente.
Em sentido oposto, apesar do aumento de preços em bens de consumo, serviços e alojamento, estão as cidades do Brasil e Argentina. São Paulo (86ª) caiu 28 posições, o Rio de Janeiro (121ª) recuou 22 lugares, enquanto Buenos Aires (133ª) sofreu uma quebra de 57 lugares. Manágua (200ª) é a cidade menos cara da América do Sul.
Tel Aviv (15ª) continua a ser a cidade mais cara para expatriados no Médio Oriente, seguida do Dubai (21ª), Abu Dhabi (33ª) e Riade (35ª). Cairo (166ª) mantém-se como a cidade menos cara da região.
Luanda recua para a 26ª mais cara
Luanda, que já foi considerada a cidade mais cara do Mundo desce 20 posições e está agora na posição 26ª. Hoje comer um Big Mac na capital angolana custa 8,885 euros um par de calças jeans para homem 89,94 euros e pão branco fatiado 11,87 euros.
Em África, apesar de ter saído do top 10 das cidades mais caras para expatriados, a capital do Chade, N’Djamena (11ª), permanece como a cidade africana mais bem posicionada no ranking. Victoria (14ª), nas Seychelles, subiu sete lugares e a cidade da República Democrática do Congo, Kinshasa, subiu quinze lugares para a 22ª posição. Já a capital do Gabão, Libreville caiu seis posições, para o 24º lugar.
A cair uma posição, está Tunes (209ª) na Tunísia, a cidade menos cara na região e no mundo. Tashkent (208) e Karachi (207) são as mais baratas para a comunidade de expatriados viver.
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