//Dão e Verdes comemoram 110 anos sob a égide do crescimento global

Dão e Verdes comemoram 110 anos sob a égide do crescimento global

O Dão e os vinhos verdes vão, neste ano, comemorar em conjunto o aniversário da criação das respetivas regiões demarcadas e até o Presidente da República se associou à celebração. São 110 anos sobre a publicação da Carta de Lei de 18 de setembro de 1908, assinada pelo rei D. Manuel, para fomento do setor vinícola nacional. Mais de século depois, estas são duas das mais importantes regiões vinícolas nacionais e que ajudam à afirmação dos vinhos portugueses em todo o mundo.

A crescer desde 2004, os verdes são hoje o número dois nas exportações nacionais, só ultrapassados pelo vinho do Porto. A região obtém já mais de metade das suas vendas nos mercados externos, que valeram, em no ano passado, cerca de 60 milhões de euros. EUA e Alemanha competem, entre si, pelo primeiro lugar na lista dos principais mercados de destino, seguindo-se França, Brasil e Canadá. Mas os verdes estão já presentes em 112 países. Em duas décadas, as exportações da região mais do que triplicaram em valor, crescendo 175% em volume.

Neste ano, a performance mantém-se, com as vendas externas a aumentar 4% em quantidade e 5% em valor, para 18,473 milhões de litros e 43,3 milhões de euros. “Tudo aponta para que seja um ótimo ano comercial”, diz Manuel Pinheiro. O presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) sublinha que o setor “está a diversificar, e bem, para mercados onde tinha menor posição”, e dá como exemplos a Dinamarca, a Noruega e o Japão, destinos de “maior valor” onde o vinho verde está a ganhar quota.

Valorizar a marca e a região é o grande desafio dos vinhos verdes, reconhece Manuel Pinheiro, sublinhando que “estamos a fazer cada vez melhores vinhos, temos de os comunicar melhor. Isso está a suceder, mas queremos que ocorra mais depressa”. O lançamento da sub-região de Monção e Melgaço e o reforço da notoriedade de algumas castas, sobretudo Loureiro e Alvarinho, são caminhos que têm sido seguidos e, nos últimos três anos, segundo os dados da Nielsen, o preço médio dos verdes cresceu mais de 10%, para 4,16 euros em 2017. Com uma produção média da ordem dos 90 milhões de litros, a região certifica quase 90% dos seus vinhos, diz Manuel Pinheiro. Neste ano, fruto das doenças da vinha e da vaga de calor em agosto, a produção deverá cair cerca de 20%, mas, “tudo indica, será um ótimo ano quanto à qualidade dos vinhos”, frisa.

A pequena dimensão média das propriedades é uma das debilidades, numa região que conta com quase 16 mil hectares de vinha distribuídos por 15 mil produtores. O enoturismo é um “potencial fabuloso” por concretizar, mas os primeiros projetos estão a aparecer. “O alargamento e a qualificação da oferta é fundamental para aparecermos com notoriedade ao turista”, defende o presidente da CVRVV.
Também no Dão a questão da dimensão da propriedade se põe. Na verdade, aí são 20 mil os produtores de uva que trabalham 16 mil hectares de vinha. Produzem 35 a 40 milhões de litros por ano, dos quais cerca de 40% são certificados. Neste ano, esta percentagem poderá aumentar, já que a vindima se prevê 20% a 30% mais curta do que a do ano passado. “A qualidade das uvas, ao que se sabe, é muito boa”, frisa Arlindo Cunha, que espera que esta redução da oferta possa resultar numa melhor valorização das uvas ao produtor.

Esta é uma região que sofreu, duramente, os impactos da adesão de Portugal à União Europeia, mas que “conseguiu, entretanto, reencontrar-se e modernizar-se sem perder a tradição”, com uma aposta muito grande nas suas castas típicas, designadamente a touriga nacional e o encruzado. O objetivo, agora, é “reforçar a notoriedade da região”, assente na “qualidade dos seus vinhos”, para que o consumidor esteja disponível para os valorizar mais.
O Dão exporta ainda pouco – seis milhões de litros no valor de 18,1 milhões de euros em 2017 -, embora esteja já em mais de 70 mercados, com especial destaque para os EUA, o Canadá e o Brasil. O objetivo é reforçar esta componente e a CVR encomendou já um plano estratégico à Wine Intelligence, cujas conclusões serão conhecidas em dezembro. “Queremos pensar a região a dez anos, selecionando um conjunto de mercados alvo prioritários, caso dos EUA, do Brasil, da Suíça e do Japão”, explica Arlindo Cunha.

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