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Depois dos ligeiros, os pesados. As autoridades europeias vão reduzir brutalmente as emissões poluentes dos novos veículos pesados que venham a circular na Europa, designadamente autocarros (transporte de passageiros) e camiões (de mercadorias e outros).
Os autocarros devem ser os primeiros a cumprir o estatuto de 100% não poluentes. Os camiões para lá terão de caminhar, mas com um aperto ligeiramente mais brando, indica uma proposta aprovada por esmagadora maioria, esta terça-feira, no Parlamento Europeu (PE).
Ou seja, o PE decidiu dar mais um passo no sentido do aperto das regras antipoluição, subindo ainda mais a fasquia face ao que propõe a Comissão Europeia (BCE).
Reconheceu, no entanto, que a alternativa para as frotas dos veículos pesados elétricos ainda não é realista, nem suficiente, o mesmo podendo continuar a acontecer dentro das próximas duas décadas.
O Parlamento aprovou uma posição comum que lhe permite agora negociar com cada um dos governos da União Europeia (UE) o aperto das novas metas sobre a poluição dos pesados.
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O texto final cujo relator foi o deputado holandês Bas Eickhout (grupo parlamentar Verdes / Aliança Livre Europeia) passou com 445 votos a favor, 152 votos contra e 30 abstenções.
O PE diz que “está agora pronto para iniciar conversações com os governos da UE sobre a forma final da legislação”.
A posição que venceu defende “o reforço das metas de redução das emissões de CO2 para camiões médios e pesados, incluindo veículos de serviço (como camiões de lixo, camiões basculantes ou camiões-betoneira) e autocarros”.
“As metas seriam de 45% para o período 2030-2034, 65% para 2035-2039 e 90% a partir de 2040”, ou seja, daqui a cerca de dez anos (2033), todos estes novos pesados já têm se poluir metade do que poluem os seus congéneres atuais.
Ficou decidido também uma medida ainda mais draconiana, mas só para autocarros urbanos. Segundo o PE, a ideia é “permitir o registo apenas de autocarros urbanos novos com emissões nulas a partir de 2030”, mas salvaguardando “uma isenção temporária (até 2035) para os autocarros urbanos alimentados a biometano [biocombustível], sob condições estritas”.
Em conferência de imprensa, o relator Bas Eickhout defendeu que a transição para uma Europa “onde os camiões e autocarros têm um nível nulo de emissões é fundamental para cumprir os nossos objetivos climáticos e assegurar um ar mais limpo nas cidades”.
Pesados: “uma das principais indústrias da Europa”
O político holandês reconheceu que o setor dos pesados é dos mais importantes e poderosos, sendo “uma das principais indústrias transformadoras da Europa” e disse que a ideia do PE é lançar um “óbvio incentivo para investir na eletrificação e no hidrogénio” ao nível das motorizações.
A Comissão Europeia quer apertar a malha das regras da poluição sobre os veículos pesados a partir de 2030 e avançou com um objetivo de neutralidade climática para este setor “até 2050”, reduzindo assim (espera-se) de forma substancial a dependência face aos combustíveis fósseis importados.
“Os veículos pesados, como camiões, autocarros urbanos e autocarros de longa distância, são responsáveis por mais de 25 % das emissões de gases com efeito de estufa provenientes do transporte rodoviário na UE e representam mais de 6 % do total das emissões destes gases na UE”, justifica o PE.
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