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A agência de notação financeira DBRS Morningstar anunciou esta quinta-feira que vai acompanhar “as implicações para o Novo Banco e para o sistema bancário português no seu todo” da anulação da transferência de fundos públicos para o Novo Banco, através do Fundo de Resolução.
“Esta notícia foi inesperada e representa desafios para o Novo Banco, pois cria incerteza para o capital do banco e o plano de redução de riscos em andamento, além de aumentar o potencial de litígio”, alerta a DBRS numa análise divulgada ao início da noite esta quinta-feira.
A reação da DBRS surge depois da confirmação no Parlamento da anulação da transferência de fundos públicos para o Novo Banco em 2021.
No Orçamento do Estado para 2021, o Governo previa a transferência de um montante de 476 milhões de euros para o Novo Banco, através do Fundo de Resolução. Este valor seria parcialmente financiado por receitas próprias do Fundo, e também através de um empréstimo da banca ao Fundo, que está em negociação. O empréstimo dos bancos chegaria aos 275 milhões de euros.
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A anulação da transferência surgiu a partir de uma proposta do Bloco de Esquerda que foi viabilizada com a ajuda do voto favorável do PSD, o maior partido da oposição.
A transferência seria feita ao abrigo do acordo de capital contingente efetuado aquando da venda do Novo Banco à Lone Star, em outubro de 2017. O Estado, através do Fundo de Resolução, concordou compensar o Novo Banco até ao limite de 3,89 mil milhões de euros para perdas reconhecidas numa carteira predefinida de ativos, caso os rácios de capital do banco desçam abaixo de um determinado limite.
A partir de janeiro de 2020, esse limite ficou fixado em 12% para o common equity tier 1 (CET1). O rácio CET1 do Novo Banco no final de setembro de 2020 foi de 12%, incluindo a injeção de capital prevista do Fundo de Resolução, lembra a DBRS.
“Até agora, o suporte do acordo de capital contingente tem sido oportuno e previsível”, disse na nota. “Apesar da sua complexidade, o acordo provou ser eficaz no apoio ao plano de reestruturação do banco e ao processo de redução do risco”, adiantou.
O montante do acordo ainda disponível para o Novo Banco é de cerca de 900 milhões de euros.
A DBRS lembra que “o apoio de capital permanece crítico para o futuro do Novo Banco, pois apesar do progresso na redução de ativos problemáticos legados, o banco ainda possui um grande stock de ativos improdutivos e a rentabilidade permanece fraca”.
A DBRS Morningstar atualmente avalia a dívida de longo prazo do Novo Banco em B (alto) com uma tendência negativa.
Atualizada às 20H56 com mais informação
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