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A DBRS, agência de notação financeira canadiana que, em agosto, subiu o rating da dívida soberana portuguesa de B (high) para A (low), o sétimo nível mais elevado, manteve a avaliação de Portugal com perspetiva estável, segundo a nota publicada no site da agência esta sexta-feira. Esta é a primeira avaliação deste ano a Portugal entre as principais agências.
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A perspetiva de descida continuada do défice e da dívida aliada à recuperação do emprego, consumo privado e do turismo são sinais positivos para a DBRS. Pelo contrário, o impacto do aumento das taxas de juro variáveis nos créditos à habitação é visto como um sinal para alarme.
“A confirmação do rating e da tendência reflete a perspetiva da DBRS de que os riscos externos ao desempenho económico são equilibrados pela melhoria contínua das métricas para as finanças públicas”, sublinha o relatório da DBRS.
Depois da forte contração do PIB em 2020, “o crescimento económico recuperou fortemente em 2021 e durante o primeiro semestre de 2022”, segundo o mesmo documento.
A DBRS reconhece que a subida de preços, exacerbada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, e o consequente aumento das taxas de juros causaram uma desaceleração acentuada do crescimento no segundo semestre de 2022.
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Apesar dos choques económicos recorrentes, “o défice orçamental voltou a diminuir em 2022 e mantém-se abaixo da média da Zona Euro”, destaca a DBRS. “O crescimento positivo e a rápida recuperação das contas públicas permitiram que o peso da dívida pública no PIB voltasse à sua trajetória de queda acentuada”, assinala ainda a agência de rating, que espera que “a dívida pública caia para cerca de 100% do PIB até 2025”.
A DBRS considera que o rating de Portugal poderia melhorar através do aumento do crescimento económico e da resiliência do país ou por via de uma nova redução significativa do rácio da dívida pública.
A economia portuguesa sofreu uma das maiores contrações da Europa em 2020, devido à queda acentuada do consumo privado e ao colapso do turismo, provocados pela pandemia de covid-19, frisa a agência. Apesar disso, o país recuperou rapidamente em 2021 à boleia do crescimento do emprego, do aumento do consumo privado e da recuperação do turismo, que se espalhou para o primeiro semestre de 2022, segundo a análise da DBRS.
Desde então, este movimento de recuperação abrandou devido ao aumento dos preços da energia e das taxas de juro, assinala a agência de notação financeira. Apesar da inflação ter caído ligeiramente em dezembro de 2022, permaneceu ainda assim elevada, em 9,8%.
No seu último Boletim Económico, o Banco de Portugal (BdP) prevê que o crescimento do PIB, tendo evoluído 6,8% em 2022, desacelere para 1,5% em 2023 e depois recupere para um crescimento de 2% em 2024.
Os riscos para as previsões decorrem principalmente da evolução dos preços e, consequentemente, do ritmo de subida das taxas de juro, sublinha a DBRS.
A agência considera que “o stress nos balanços das famílias devido ao rápido aumento das taxas de juros variáveis nos créditos à habitação é uma preocupação importante”. Medidas para mitigar estes embates nos orçamentos familiares passam por “um mercado de trabalho saudável, um forte crescimento salarial e um reforço da poupança acumulada do setor privado”.
A DBRS alerta ainda que o bom desempenho da economia, especialmente a médio prazo, “está associado à absorção efetiva dos fundos da União Europeia (UE), fixados num total de 64 mil milhões de euros (cerca de 30% do PIB de 2020), durante a próxima década”.
A próxima agência que está previsto pronunciar-se sobre Portugal é a S&P, a 10 de março.
O rating é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de rating são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
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