
A agência de notação financeira DBRS manteve esta sexta-feira o “rating” de Portugal na classificação de “”A” (elevado)” e reafirmou a perspetiva estável para a notação financeira da República portuguesa.
A nota foi confirmada na avaliação periódica do “rating” agendada para hoje e o resultado já era esperado por analistas de mercado, depois de a agência ter melhorado a nota de Portugal em janeiro e colocado a perspetiva de avaliação em sentido “estável”.
“A tendência estável reflete a opinião da Morningstar DBRS de que os riscos para as notações de crédito são equilibrados. Espera-se que o crescimento económico e o equilíbrio orçamental de Portugal superem a média da zona euro nos próximos dois anos, apesar dos riscos associados à escalada do comércio global e às tensões geopolíticas. As perspetivas de crescimento económico a médio prazo de Portugal continuam a ser favoráveis, sustentadas pela força da procura interna”, justifica.
A DBRS sustenta a sua avaliação com o facto de Portugal manter desde 2016 um “forte desempenho orçamental” e de o sistema bancário português ter uma “posição reforçada”.
Embora identifique vulnerabilidades na economia, como “o elevado nível de dívida pública, a elevada dívida externa e o potencial de crescimento económico relativamente baixo”, a DBRS salienta que “as preocupações com as finanças públicas e os desequilíbrios externos diminuíram significativamente na última década e, a menos que ocorram choques adicionais, espera-se que estas tendências se mantenham”.
A agência sublinha que “a posição orçamental de Portugal está atualmente entre as mais fortes da zona euro, na sequência da rápida recuperação da pandemia e da crise energética”, referindo que o país “registou um excedente orçamental de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 e de 0,7% do PIB em 2024, o terceiro e o quinto melhores resultados da zona euro, respetivamente”.
Quanto à evolução do PIB, a agência observa que, “após uma forte recuperação da pandemia, espera-se que a economia portuguesa continue a ter um desempenho superior ao da zona euro nos próximos anos”.
Na opinião da agência, uma escalada das tensões comerciais poderá ter “um impacto significativo nas cadeias de abastecimento mundiais e afetar negativamente a procura externa para as exportações europeias e portuguesas”.
Simultaneamente, “os crescentes problemas de acessibilidade da habitação em Portugal, caso se mantenham, poderão exercer pressão sobre a competitividade e limitar o crescimento ao longo do tempo”.
No entanto, “por outro lado, os fortes ganhos no rendimento disponível real representam um potencial de crescimento para o consumo e a plena implementação dos investimentos e das reformas no âmbito do PRR de Portugal poderá contribuir para um crescimento mais forte”.
Relativamente a cenários futuros, de melhoria ou redução do “rating”, a agência refere que circunstâncias poderão determinar um sentido ou outro. Por um lado, “as notações de crédito poderão ser melhoradas se o rácio da dívida pública de Portugal descer para níveis significativamente mais baixos ou se houver provas persistentes de que o país melhora a sua capacidade de resistência económica e o seu potencial de crescimento”.
Por outro, “poderão ser revistas em baixa se um agravamento das perspetivas de crescimento de Portugal ou um compromisso mais fraco com a disciplina orçamental conduzirem a um aumento significativo do rácio da dívida pública a médio prazo”.
Em relação à dívida, a agência lembra que o Governo prevê uma redução para 91,5% do PIB este ano e uma descida para 83,2% em 2028, recordando ainda que o rácio baixou para 94,9% em 2024, recuando 39,2 pontos percentuais face a 2020 e 21,2 pontos abaixo de 2019 (ano anterior ao início da pandemia de covid-19).
Na escala DBRS, com 24 degraus, a posição de “”A” (elevado)” corresponde à sétima nota mais elevada, atrás dos patamares “AAA” e “AA” (cada um destes degraus comporta três níveis — o elevado, o intermédio e o inferior).
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