//Deco Proteste alerta que 40% dos portugueses não têm poupanças para enfrentar crise

Deco Proteste alerta que 40% dos portugueses não têm poupanças para enfrentar crise

Quatro em cada dez portugueses dizem não ter margem financeira para enfrentar um eventual agravamento da crise, mas, apesar disso, sete em cada dez são a favor das sanções à Rússia, indica um inquérito da Deco Proteste que procurou analisar o impacto da guerra na Ucrânia na vida dos consumidores portugueses.

O estudo, realizado em simultâneo na Bélgica, Espanha e Itália, além de Portugal, mostra que a conjuntura atual está a afetar uma grande parte dos europeus. “O receio de gastar dinheiro nestes tempos incertos foi uma das consequências que a guerra trouxe”, diz a Deco Proteste em comunicado, sublinhando que 81% dos portugueses confirmam esta preocupação, versus os 58% dos belgas e os 63% dos espanhóis.

O trabalho, que recolheu contributos de 4.191 consumidores, dos quais 1.051 portugueses, mostra que, em Portugal, 73% dos inquiridos assume que parte dos seuys hábitos de consumo foram já afetados e que começam já a cortar no que é considerado como supérfluo. “A alimentação tem sido uma das esferas mais afetadas pela inflação, com mais de metade dos inquiridos a escolherem marcas mais baratas no supermercado, como as das insígnias (53%), e com 40% a cortarem nos alimentos que não entendem como essenciais, como é o caso do álcool, dos doces e dos salgados”, pode ler-se no comunicado.

Além disso, em casa, procuram poupar água e energia, com 46% dos participantes a admitirem que desligam mais vezes os eletrodoméstico ou evitam mesmo usá-los. Nas deslocações, metade dos portugueses diz usar menos o carro e 35% procuram fazer uma condução mais económica. As atividades sociais, culturais e de lazer também “sofreram uma redução prudencial” e a compra de produtos de lazer e de vestuário “está em compasso de espera ou foi mesmo cancelada”. E 10% dos inquiridos assumem “mais dificuldades” quanto ao pagamento das despesas de educação dos filhos.

A saúde, para já, é a área em que as famílias portuguesas menos estão dispostas a cortar, embora os cuidados dentários, a compra de óculos ou aparelhos auditivos, as consultas e as sessões de psicoterapia tenham sido adiados ou cancelados “num moderado número de situações”, diz a Deco Proteste, que indica ainda que 64% dos inquiridos se dizem “afetados no plano da saúde mental” por toda esta situação. E 91% dos portugueses esperam que o aumento dos preços da energia se continue a sentir, bem como 89% admite que o custo dos combustíveis se agrave.

“A subida dos preços traz incerteza para o futuro próximo. Quase um em quatro dos europeus que participaram no estudo descrevem a situação financeira do seu agregado familiar como difícil, e 39% afirmam que estão pior do que há um ano. Em termos europeus, são 35% os que dizem não ter margem de manobra financeira, se a situação se agravar, valor ligeiramente abaixo da realidade portuguesa (40%)”, mostra o estudo.