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Quatro em cada dez portugueses dizem não ter margem financeira para enfrentar um eventual agravamento da crise, mas, apesar disso, sete em cada dez são a favor das sanções à Rússia, indica um inquérito da Deco Proteste que procurou analisar o impacto da guerra na Ucrânia na vida dos consumidores portugueses.
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O estudo, realizado em simultâneo na Bélgica, Espanha e Itália, além de Portugal, mostra que a conjuntura atual está a afetar uma grande parte dos europeus. “O receio de gastar dinheiro nestes tempos incertos foi uma das consequências que a guerra trouxe”, diz a Deco Proteste em comunicado, sublinhando que 81% dos portugueses confirmam esta preocupação, versus os 58% dos belgas e os 63% dos espanhóis.
O trabalho, que recolheu contributos de 4.191 consumidores, dos quais 1.051 portugueses, mostra que, em Portugal, 73% dos inquiridos assume que parte dos seuys hábitos de consumo foram já afetados e que começam já a cortar no que é considerado como supérfluo. “A alimentação tem sido uma das esferas mais afetadas pela inflação, com mais de metade dos inquiridos a escolherem marcas mais baratas no supermercado, como as das insígnias (53%), e com 40% a cortarem nos alimentos que não entendem como essenciais, como é o caso do álcool, dos doces e dos salgados”, pode ler-se no comunicado.
Além disso, em casa, procuram poupar água e energia, com 46% dos participantes a admitirem que desligam mais vezes os eletrodoméstico ou evitam mesmo usá-los. Nas deslocações, metade dos portugueses diz usar menos o carro e 35% procuram fazer uma condução mais económica. As atividades sociais, culturais e de lazer também “sofreram uma redução prudencial” e a compra de produtos de lazer e de vestuário “está em compasso de espera ou foi mesmo cancelada”. E 10% dos inquiridos assumem “mais dificuldades” quanto ao pagamento das despesas de educação dos filhos.
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A saúde, para já, é a área em que as famílias portuguesas menos estão dispostas a cortar, embora os cuidados dentários, a compra de óculos ou aparelhos auditivos, as consultas e as sessões de psicoterapia tenham sido adiados ou cancelados “num moderado número de situações”, diz a Deco Proteste, que indica ainda que 64% dos inquiridos se dizem “afetados no plano da saúde mental” por toda esta situação. E 91% dos portugueses esperam que o aumento dos preços da energia se continue a sentir, bem como 89% admite que o custo dos combustíveis se agrave.
“A subida dos preços traz incerteza para o futuro próximo. Quase um em quatro dos europeus que participaram no estudo descrevem a situação financeira do seu agregado familiar como difícil, e 39% afirmam que estão pior do que há um ano. Em termos europeus, são 35% os que dizem não ter margem de manobra financeira, se a situação se agravar, valor ligeiramente abaixo da realidade portuguesa (40%)”, mostra o estudo.
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