A reunião no Ministério das Infraestruturas durou pouco mais de uma hora e serviu desde logo para desconvocar a greve dos trabalhadores dos portos que iria durar até ao final do mês. Nas palavras do presidente do Sindicato dos trabalhadroes das Administrações Portuárias a reunião com João Galamba não só correu bem, como “correu muitíssimo bem, foi muito positiva”.
Serafim Gomes salientou que o sindicato tinha avançado com o pré-aviso de greve “porque não havia diálogo e hoje percebeu-se que há diálogo” com o novo titular da pasta das Infraestruturas, que logo na sexta-feira, e na mesma semana em que tomou posse, convocou os sindicatos do setor.
Levantar a paralisação significa mesmo “um voto de confiança” pessoal no ministro que terá assumido o compromisso de “apostar no desenvolvimento dos portos” e para o sindicato “isto abre espaço para resolver os problemas”. É assumido pelo presidente do sindicato que Galamba “vai precisar de algum tempo” para resolver problemas e dá para isso “um prazo até três meses”.
João Galamba recusou prestar declarações aos jornalistas que se deslocaram às instalações do ministério, mas as garantias que terá dado ao sindicato liderado por Serafim Gomes passam por não delegar o setor ao secretário de Estado, ficando o próprio ministro a tomar conta desta pasta e o “desenvolvimento dos portos”. Em que moldes não ficou definido, mas para os sindicatos só isto “é muito significativo”.
É “na sequência dos compromissos assumidos pelo ministro” que a paralisação é levantada e há aqui uma margem de compreensão dos trabalhadores de que é preciso dar tempo a Galamba para mostrar serviço, com Serafim Gomes a assumir “que é responsável” que esse prazo seja dado.
Tal compreensão vai ao tempo de Serafim Gomes garantir que “não estamos já a pensar fazer greves”. E para o dirigente sindical não é preciso firmar uma assinatura para este voto de confiança: “Não houve compromissos escritos, para nós não é necessário, basta-nos a palavra do senhor ministro”.
A confiança é tal que Serafim Gomes diz mesmo que “confiamos na palavra do ministro, ficaremos à espera dos resultados que nos parece que serão positivos”, mostrando uma expectativa que nunca terá sido possível com o anterior ministro Pedro Nuno Santos.
Em que é diferente a relação com o Ministério das Infraestruturas e o setor dos portos? Para Serafim Gomes não há dúvida: “o diferente é a existência de um diálogo aberto e sem rodeios que não existia antes e que agora parece existir. Não havia diálogo nenhum e, o pouco que houve, não teve efeito nenhum”, num claro remoque a Pedro Nuno.
Os empresários do Norte dizem que foi aliviada a tensão na indústria com o fim da greve nos portos.
A greve teve início no dia 22 de dezembro e só ia parar no final de janeiro. Abrangia dois dias de trabalho por semana e já ameaçava algumas indústrias, como a agroalimentar. Segundo a Associação Empresarial de Portugal (AEP), “podia levar as fábricas a parar e originar falta de bens de primeira necessidade”.
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