A taxa de desemprego estabilizou nos 6,7% da população ativa, interrompendo assim um ciclo relativamente longo de descidas, que durava há cerca de dois anos e meio, indicou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Em todo o caso aquele valor continua a ser dos mais baixos dos últimos 17 anos, correspondendo agora a 352,7 mil pessoas sem trabalho, em Portugal.
Segundo o INE, “a população desempregada, estimada em 352,7 mil pessoas, manteve-se praticamente inalterada em relação ao trimestre precedente, interrompendo as diminuições trimestrais observadas desde o 2.º trimestre de 2016”.
O governo, no Orçamento do Estado para 2019, estima que o nível de desemprego fique em 6,9% em 2018. Portanto, o valor do terceiro trimestre continua abaixo desta média anual.
Verão menos generoso
O novo inquérito ao emprego refere que esta interrupção no alívio no desemprego entre o segundo e o terceiro trimestre é explicada pelo aumento de 14,3% no número de pessoas desempregadas com idades entre os 15 e os 24 anos (mais 9,9 mil casos).
Ou seja, há sinais de que o verão, que este ano foi marcado por um abrandamento do turismo, terá sido menos generoso para as camadas mais jovens.
O INE mostra que também houve um aumento do desemprego entre “as pessoas que completaram o ensino secundário e pós-secundário ou o ensino superior (18,7 mil; 10,7%)” e que também houve um agravamento no grupo dos desempregados “à procura de primeiro emprego (8,7 mil; 20,5%)”.
Aliás, isolando apenas os licenciados, o INE indica que este grupo de desempregados engrossou agora quase 10% face ao segundo trimestre deste ano. Há um ano por esta altura tinha diminuído 1,6%.
Há um ano, o efeito verão contribuiu para reduzir o contingente de desempregados em 3,8% entre o segundo e o terceiro trimestre de 2017. Agora, regista uma subida ligeira de 0,2%.
Mas em comparação com o mesmo período do ano passado, a situação continuou a melhorar, claramente. “Em relação ao trimestre homólogo de 2017, a população desempregada diminuiu 20,6% (menos 91,3 mil)”, refere o mesmo INE.
Mais emprego, mas ritmo mais moderado
Já a criação de empregos manteve-se em alta seja em termos trimestrais, seja em termos homólogos. O INE estima que existam cerca de 4,9 milhões de pessoas com trabalho, valor que traduz “um aumento trimestral de 0,6% (28,7 mil) e um aumento homólogo de 2,1% (99,8 mil)” no final do terceiro trimestre.
Mas, uma vez mais, estes ritmos, embora positivos, são mais fracos do que os registados no verão do ano passado, quando se verificou “um acréscimo trimestral de 0,9% (mais 42,6 mil empregados) e um aumento homólogo de 3% (mais 141,5 mil)”, referiu na altura o INE.
O instituto nota ainda que “a taxa de desemprego de jovens (15 a 24 anos) subiu para 20%, correspondendo ao segundo valor mais baixo da série iniciada no 1.º trimestre de 2011”.
Taxa de desemprego real cai para 13,1%
E que a taxa de subutilização do trabalho — indicador que serve para medir a dimensão real do desemprego e das situações mais difíceis e marginais do mercado de trabalho — “situou-se em 13,1%”. “Este valor é inferior em 0,2 pontos percentuais (p.p.) ao do trimestre anterior e em 2,7 p.p. ao do trimestre homólogo de 2017.”
Este desemprego em sentido mais lato soma aos desempregados oficiais mais três grupos populacionais. O do subemprego de trabalhadores a tempo parcial (abrangeu 150,2 mil pessoas no terceiro trimestre de 2018), o dos inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar (23,7 mil pessoas) e o grupo dos nativos disponíveis mas que não procuram emprego (191 mil).
Estes três segmentos estão a diminuir de tamanho. O INE observa que “a população desempregada e a subutilização do trabalho têm descrito uma trajetória descendente desde o 1.º trimestre de 2013, acumulando até ao momento uma diminuição de 61,9% e de 51,2%, respetivamente (abrangendo 574,1 mil e 752,1 mil pessoas)”.
(atualizado 13h00)
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