//“Devemos ter cuidado com o papel que a TAP tem desempenhado” no crescimento do turismo

“Devemos ter cuidado com o papel que a TAP tem desempenhado” no crescimento do turismo

Mas essas obras ainda não começaram.

Porque não estão autorizadas. Depois, se tivermos uma solução de longo prazo que não seja Montijo, que ainda são quatro ou cinco anos de obras, anos e meio de obras, pelo menos façam num período intermédio o(aeroporto) Montijo. Ficámos muito satisfeitos quando o ex-ministro Pedro Nuno Santos disse que estava tudo decidido, era em Alcochete e íamos fazer o Montijo, no meio.

E, entretanto, o ministro saiu

Entretanto, para além de não termos aeroporto, desta vez não tivemos a decisão ou tivemos a decisão revertida e o próprio ministro revertido.

Numa lógica de longo prazo, estar dez anos a recusar slots que serão cada vez mais precisas porque a expectativa é de aumento de procura, acho que é uma insanidade económica.

Este vai ser um ano particularmente importante para o turismo nacional. Há vários eventos, mas um como nunca tivemos, com mais de um milhão de jovens – a Jornada Mundial da Juventude. Boa parte vai chegar a Portugal por via aérea. Teme que se repita aquelas situações de grandes filas e grandes filas o aeroporto?

Mais do que temer isso, estou muito contente por existirem as jornadas em Portugal. Mais de um milhão de jovens, do ponto de vista da promoção do país, é uma oportunidade quase única. Não apenas pela interação direta desses jovens com o país, que vão cá estar poucos dias e em determinadas condições, mas que vão sempre desejar voltar. Por outro lado, o que se vai falar das jornadas no mundo inteiro é, também, uma ação de promoção que não tem preço.

Continuamos a discutir na espuma dos dias – o custo do altar – o que não tem nada a ver com a importância desta Jornada. Estamos a discutir que partimos um pires de uma cozinha que está repleta de coisas boas. O que vamos ganhar com a Jornada é imensamente mais do que aquilo que podemos perder.

Digamos que é um investimento para o futuro. E há muitos destes jovens a chegar através de agências de viagens?

Não, não há muitas agências de viagens envolvidas neste negócio, o que não estranhamos. Há algumas, que pelo facto de trabalharem este tipo segmento do turismo religioso estão muito envolvidas. Para essas agências vai ser um belíssimo ano e um belíssimo momento, mas do ponto de vista do setor, não teremos uma influência muito grande. Mas estamos muito felizes por estarem cá, é mais turismo, mais contacto, mais promoção.

Quase teria mais otimismo relativamente ao regresso de D. Sebastião do que em relação ao aeroporto

E isso acontece com este evento, que é enorme, mas acontece também com os eventos os eventos, em geral?

São muito importantes porque combatem a sazonalidade, ninguém faz grande eventos num mês típico de procura. Portanto, dá para alargar as épocas de maior intensidade. E depois tem também no plano do marketing, dependendo qual é o evento. Mas quer seja a Jornada da Juventude, a Formula1, o MotoGP, um circuito de golfe internacional ou o Web Summit são muito importantes.

Atualmente, há uma multiplicidade de plataformas que permitem a cada um planear as suas viagens e, de alguma forma, fazer alguma concorrência às agências de viagens. Quando corre bem, tudo bem mas quando corre mal, pode dar grandes problemas. A pandemia mostrou isso. O que lhe pergunto é se o setor já sente que os clientes, consumidores, de alguma forma, estão a tomar consciência das vantagens de viajarem através das agências.

Haverá sempre uma evolução da curva no longo prazo e depois oscilações maiores no curto prazo. Há dois aspetos que estão muito relacionados com a exposição das pessoas: informação não é conhecimento e isso é muito óbvio. Por exemplo, com os medicamentos, temos toda a informação na net sobre medicamentos, mas nós não nos devemos automedicar. E depois temos o paradoxo da escolha: é muito mais fácil para um ser humano escolher entre 3 opções ou entre 300 e 3.000 opções?

Ora, do ponto de vista dos destinos, neste momento temos todo o mundo como opção e isso gera sempre algum stress. Do ponto de vista da informação, a pandemia foi um momento extraordinário para mostrar a relevância das agências, porque foram elas que, para além de terem repatriado todas as pessoas que no início da pandeia ficaram fora dos seus mercados emissores, também foram, sobretudo ao longo da pandemia, únicas as únicas organizações que conseguiram colocar as pessoas a viajar.

Toda a gente tinha informação sobre as restrições Covid. Mas ninguém, ninguém para além das agências de viagens, conseguiu estruturar essas informações para permitir que alguém saísse de Lisboa, fizesse uma escala em Frankfurt, fosse para outro sítio qualquer, com filhos ou sem filhos vindo de onde porque podia ter uma restrição, há quanto tempo é que se ficava em escala, etc. A complexidade foi brutal e não houve ninguém senão as agências que conseguissem resolver.

No fundo, foi um momento ótimo para lembrar que quanto mais complexa é a viagem e quanto mais incerto é o mundo, maior capacidade de intervenção têm as agências.

Sendo certo que saímos da pandemia absolutamente reforçados e que sentimos isso, também temos a noção de que esta construção da confiança é, por definição, diária. Daqui a dois anos, nada acontecendo, se calhar quem perdeu dinheiro nos sites por causa da pandemia, já se esqueceu disso. Na verdade, os que viajaram através das agencias de viagens, foram todos reembolsados. E nos sites perdeu-se muito dinheiro e até em compras diretas em companhias aéreas.

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