//Dinamarca propõe reforma antecipada para maiores cargas físicas

Dinamarca propõe reforma antecipada para maiores cargas físicas

Milhares de dinamarqueses com uma vida ativa longa poderão usufruir de uma nova reforma antecipada com que o Governo pretende premiar as pessoas com empregos de grande esforço físico, segundo um polémico modelo que representa uma viragem simbólica contra anos de políticas de cortes de benefícios e pensões, noticiou a agência EFE.

O plano apresentado nesta semana pela primeira-ministra social-democrata, Mette Frederiksen, responde à principal promessa feita antes da campanha eleitoral de há um ano, que culminou com o regresso do seu partido ao poder cinco anos depois.

“Agora é a vez de Arne”, os cartazes eleitorais com a foto de um trabalhador da construção civil de 59 anos usavam, apelando para que “os mais castigados”, tanto física como mentalmente, deveriam poder aposentar-se antes da idade de reforma com uma pensão “decente” e sugerindo que quatro décadas de vida ativa seriam suficientes.

“Em suma, trata-se de dignidade e justiça. Depois de trabalhar muitos anos e fazer o que tinha que fazer, é preciso poder se aposentar com dignidade”, disse Frederiksen ao apresentar o plano, que escolheu como palco uma fábrica na principal indústria da carne.

De acordo com a proposta, serão precisos pelo menos 47 anos de trabalho, o que beneficia quase exclusivamente trabalhadores não qualificados, e deixa de fora as profissões que exigem um curto período de ensino superior.

O plano é baseado num modelo complexo que define a idade-chave para os cálculos em 61 anos: quem trabalhou 42 anos, poderá aposentar-se antes da idade de reforma (fixada em 68 anos, para 2022); se têm 43, dois anos antes; e com 44, três.

No cálculo dos anos de vida ativa serão incluídos os empregos permanentes e a tempo parcial, assalariados ou autónomos; bem como tempo com licença parental ou com subsídio de desemprego.

O montante, 13 550 coroas (1820 euros) brutos por mês, é relativamente baixo para a Dinamarca, onde a carga fiscal média ronda os 40% e o nível de vida é elevado; embora possa ser concluído com até 3200 euros por ano em empregos a tempo parcial.

As autoridades estimam que 38 mil pessoas poderão solicitá-lo em 2022, ano em que começaria a funcionar, mas apenas 22 mil o farão e, destas, 6000 serão mão de obra ativa; o restante corresponderá a pessoas que recebem algum subsídio de desemprego ou outro tipo de assistência.

O Governo estima que custe cerca de 2600 milhões de coroas (349 milhões de euros) por ano, no início, e 3000 (403 milhões de euros) em 2035, e será financiado com aumentos de impostos sobre rendimentos elevados, bem como um imposto sobre o setor financeiro.

O modelo já foi alvo de críticas no contexto político por parte da oposição e, atendendo a que Partido Social-democrata governa em minoria, o projeto não deverá avançar.

A oposição critica, sobretudo, o aumento de impostos que o modelo iria implicar.

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