//“Direção de risco não era amada na CGD. No fim mandava a parte comercial”

“Direção de risco não era amada na CGD. No fim mandava a parte comercial”

Vasco D’Orey revelou que a direção de gestão de risco (DGR) não causava grandes simpatias na Caixa Geral de Depósitos. “A DGR não era o órgão amado na CGD”, disse. “Éramos os que colocavam dificuldades”, afirmou. Apesar disso, o antigo diretor do banco público garantiu que a sua unidade era “totalmente independente”.

O antigo responsável do banco público explicou que quando existia uma proposta de financiamento era solicitado um parecer de risco. Esse financiamento era depois discutido nos conselhos de crédito em que eram avaliadas as propostas comerciais em conjunto com as emitidas pela DGR. Mas, Vasco D’Orey reconheceu que “no fim quem mandava era a parte comercial, prevalecia sobre a parte do risco”.

O ex-diretor contou um episódio ocorrido num dos conselhos de crédito. “A certa altura os conselhos também se realizavam por videoconferência. Houve um administrador que estava no Norte que depois da operação ter sido apresentada disse que estava ali um exemplo da inutilidade dos pareceres de risco”.

Recordou ainda um outro caso em que ao argumentar na defesa de um parecer de risco, um outro administrador lhe disse “os senhores já falaram e nós agora decidimos”. No entanto, Vasco D’Orey não quis nomear os administradores em causa.

Ainda assim, destacou o apoio de um antigo administrador do banco. “Com o professor António de Sousa nunca a DGR teve tanto apoio”, garantiu. Mas não respondeu sobre quais os antigos líderes que menos apoiaram esse departamento.

Recordou ainda a demissão de Almerindo Marques, que em 2002 alertou o Banco de Portugal para falhas de controlo de risco. “Teve a simpatia de me chamar ao gabinete e dizer-me que ia sair e que com a saída dele o risco sairia reforçado. Nunca me disse o que era a carta”, disse.

Na auditoria especial feita pela EY foram detetadas 15 operações, sendo que nos 25 créditos mais ruinosos, esses financiamentos originaram 86 milhões de euros em perdas. Além disso, houve 80 operações em que o parecer de risco era condicionado ao acolhimento de requisitos prévios que não foram seguidos nem houve justificação para tal. Nos 25 grandes financiamentos analisados, esta prática resultou em perdas de 769 milhões de euros. Houve 13 operações que foram contra o parecer de tisco que no top 25 originaram prejuízos de 48 milhões de euros.

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