Os acionistas da Galp Energia aprovaram, nesta sexta-feira à tarde, a distribuição de 580 milhões de euros em dividendos da companhia relativos ao exercício de 2019. Uma decisão subscrita por uma “larga maioria” dos votos representados na assembleia.
Este era o segundo ponto da ordem de trabalhos da assembleia geral anual da petrolífera, presidida por Carlos Gomes da Silva, e o mais polémico, mas a decisão era já esperada. Todos os restantes temas em cima da mesa, designadamente a aprovação do relatório e contas e da política de remunerações, foram, igualmente, aprovados. O Estado, que detém 7,48% do capital, através da Parpública, irá, agora, encaixar 43 dos 580 milhões de euros que a Galp reservou para dividendos. Destes, só 318,2 milhões será pagos este ano, já que a primeira tranche, de 262,2 milhões foram liquidados em setembro, a título de adiantamento sobre os lucros.
A proposta de distribuição de dividendo acontece depois de a petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva ter anunciado a suspensão da atividade durante pelo menos um mês na refinaria de Sines, distrito de Setúbal, a partir de 04 de maio, depois de já ter parado a fábrica de combustíveis na refinaria da Matosinhos, no Porto, por impossibilidade de escoar os produtos produzidos, na sequência da redução do consumo provocado pela pandemia de covid-19.
Recentemente, a federação intersindical das empresas de energia defendeu que, se a Galp dispõe de liquidez para pagar dividendos, “a empresa tem condições mais do que suficientes para pôr os trabalhadores em casa e manter os salários”.
Em declarações à Lusa, Manuel Bravo, da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Impressa, Energia e Minas (Fiequimetal), sublinhou que, ao distribuir dividendos, a petrolífera fica impedida de recorrer ao regime de ‘lay-off’ (redução do horário do trabalho ou suspensão dos contratos) simplificado.
Em causa, estão cerca de 1.000 postos de trabalho diretos, 500 na refinaria de Sines e 500 na de Matosinhos, que pertencem, maioritariamente, aos quadros da empresa.
A este universo acrescem os colaboradores das empresas que prestam serviços para a Galp.
Na assembleia-geral de hoje foram também aprovados o relatório de gestão, as contas individuais e consolidadas, a declaração de remunerações dos órgãos de administração, fiscalização e dos membros da assembleia-geral, bem como a autorização ao Conselho de Administração para a compra e venda de ações e obrigações próprias e de outros valores imobiliários próprios representativos de dívida.
O Estado português é o segundo maior acionista da Galp, depois da Amorim Energia (33,34%), com uma participação de 7,48%, detida através da Parpública, a que corresponde um dividendo de cerca de 23,6 milhões de euros.
Na sessão de hoje da bolsa, as ações da Galp cederam 0,13% para 9,41 euros.
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